Super Bock Super Rock: dia 1 (14/07), com The National, Disclosure e The Temper Trap
Início a meio gás com o destaque a vir do pequeno palco Antena 3.
No arranque da 22ª edição do Super Bock Super Rock (a segunda no regresso ao Parque das Nações) não se esperavam grandes novidades no formato, pois mantinham-se os mesmos 4 palcos. No recinto, há o alargamento para mais perto do rio com a abertura de um pontão para servir de zona chill out (não tem nada para além de puffs, bancos e um bar mesmo no final) e da introdução de copos reutilizáveis em todos os bares (com 2€ de caução) que parece estar a ter boa recetividade junto do público.
Quanto ao cartaz, à primeira vista parece menos recheado do que em 2015, talvez por esse necessitar de força para reforçar a mudança de local. Para além disso, continua a aposta em tentar não sobrepor palcos em alguns horários, permitindo assim que se vá vendo vários concertos completos. Isso, no entanto, leva a que nos horários fortes essa sobreposição vá acontecendo e leve a muitas críticas devido à colocação de healiners em simultâneo. Será algo, talvez a rever, até porque não há assim tantas bandas em cada palco, como acontece noutros festivais.
A tarde começa com o público a tentar conseguir alguma sombra no palco EDP onde Surma (projeto one-woman-band da leiriense Débora Umbelino vindo da plataforma Tradiio) junta loop stations a teclas, baixo e uma harpa (com um músico convidado) para passar sonoridades ora ambientais e mais eletrónicas, ora post-rock/noise. Faltou talvez uma relva para deitar, fechar os olhos e ouvir (ou adormecer…).
De seguida, o quinteto de Brooklyn Lucius, manteve a toada ensonada de fim de tarde para apresentar o seu último álbum Good Grief com um synth pop muito pouco interessante, em que nem as vocalistas "gémeas" Jess Wolfe e Holly Laessig conseguiram colorir com os seus fatos e penteados a condizer.
De passagem pelo palco Antena 3 (exclusivamente dedicado a projetos nacionais), assistimos à surpresa do dia: Alek Rein. O jovem e geeky Alexandre Rendeiro, nascido em New Jersey, traz para o séc. XXI o folk-rock dos anos 60/70 de John Lennon, com guitarra virtuosa, voz a dançar entre os irmãos Gallagher e o mais recente Jake Bugg, acompanhado por uma excelente (e também muito jovem) banda de baixo e bateria. Foi um público muito jovem, demasiado diminuto e com alguns outros músicos na assistência (Benjamin, Jónatas Pires entre outros) que Alek Rein mostrou merecer outros palcos (talvez noutros festivais) para apresentar o sei primeiro LP Mirror Lane.
No regresso ao Palco EDP, as coisas começavam finalmente a acordar um pouco com os Villagers do irlandês Conor O’Brien. Apesar de ter gravado sozinho o último álbum Darling Arithmetic, apresenta-se aqui com banda (até a harpa regressou ao palco) e o resultado é que algumas músicas mais intimistas em algo, ganham outra intensidade ("The Pact – I’ll Be Your Fever" conseguiu pôr algum público a saltar).
Villagers
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Pelo palco Antena 3 continuavam a passar projetos a merecer horários mais tardios e públicos mais interessados. Os bracarenses peixe:avião mostravam as suas sonoridades espaciais que viajavam entre Pink Floyd, Radiohead ou os mais ternos Sigur Rós. As roupas negras, intros pulsantes, bateria no centro da formação quase circular (em que se apresentaram), a marcar o ritmo através de batidas fortes, combinava com um bom jogo de luzes para tornar este num dos mais interessantes concertos desta (quase) noite. Mais uma vez, não contaram com o público certo para a sua música.
O início do palco principal, conjugado com os cada vez mais frequentes atrasos, torna difícil acompanhar convenientemente tudo o que se vai passando. Coube aos australianos The Temper Trap abrirem as hostilidades para uma arena ainda a um terço. A apresentarem o seu novo Thick as Thieves, a música soa mais rock e menos pop-eletrónica do que nas suas últimas apresentações em Portugal (há mais guitarras e menos sintetizadores). No entanto, a voz de Dougy Mandagi continua com os característicos falsetes em músicas que foram essencialmente conhecidas com a sua inclusão em publicidade (não faltaram "Love Lost" logo ao início e "Sweet Disposition" a fechar). Entre os novos temas há a destacar as cavalgantes "Thick as Thieves", "Fall Together" e "Alive", entre outras mais enleantes que levavam a que casais se dedicassem ao romance, onde algumas danças (quase lap dances) eram praticadas por entre as bancadas quase despidas.
The Temper Trap
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No EDP, apenas apanhámos as últimas músicas do que pareceu o mais interessante concerto da noite neste palco. Para uma plateia bem numerosa, Kurt Vile trazia, finalmente, guitarras a um palco até aí dormente. O rock chegava ao palco EDP com a lânguida "Pretty Pimpin" a não ficar guardada para o final, mas a ser, como se esperava, a música mais aguardada. Isso fez também que, aos poucos, começasse a romaria para o palco Super Bock.
Kurt Vile
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Com 15 minutos de atrasos, os já bem conhecidos The National regressaram mais uma vez a um Portugal que tanto os adora, que constantemente retribuem com visitas quase anuais. A entrada em palco faz-se ao som de The Smiths ("Please, Please, Please, Let Me Get What I Want"), para logo arrancarem com "Don’t Swallow the Cap" e "I Should Live the Salt", do último álbum Trouble Will Find Me. Apostando mais nos álbuns mais recentes do que nos já velhinho Alligator de onde só ouvimos o hit "Mr. November" lá mais para o final, o concerto de cerca de 75 minutos alternou entre músicas novas como "The Day I Die", "Find a Way" e "I’m Gonna Keep You" (tocada pela primeira vez e apelidada de canção perfeita para a prom night ou melhor, para fazer O Amor) com algumas remisturas de canções já muito tocadas como "Affraid os Everyone" ou "This is the Last Time". Não faltaram a romântica "I Need My Girl", "Bloodbuzz Ohio", "Pink Rabbits" ou "Fake Empire". Com Matt Berninger frenético como sempre, a habitual aposta de luzes laterais e vídeos "desfocados" foi mais um concerto seguro da banda do Ohio, com o já habitual final acústico e cantado pelo público (com tentativas falhadas de crowd surfing por parte do vocalista) de "Vanderkyle Crybaby Geeks".
The National
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De chegada ao palco EDP, tornou-se difícil aguentar a descarga de decibéis, "marteladas" e "berbequins" que debitava Jamie XX. Num dj set para "casa cheia" a meia-parte dos XX alternou entre remix de clássicos grime e disco e uma "chinfrideira" que, pelos vistos, a muitos agradou (!?) e que até os levou a entoar cânticos futebolísticos ("E foi o Éder que os …") no caminho de volta para a Arena.
Jamie XX
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De "martelada" indie para outra um pouco mais refinada onde nos esperavam os Disclosure. Os irmãos Guy e Howard Lawrence (em live act entre máquinas e baixo, guitarra, teclas e percussões), beneficiam de um reconhecimento internacional e na crítica (várias nomeações para Grammy e Brit Awards) ao misturarem house music com sonoridades pop, r&b ou soul apanhando quase tudo o que faz sucesso na música atual. Abrindo com "White Noise" (com voz de AlunaGeorge), cantam eles próprios "F for You" (à segunda devido a problemas técnicos), juntam virtualmente as vozes de Sam Smith (nos hits "Omen" e "Latch" a finalizar), The Weeknd em "Nocturnal" e Gregory Porter em "Holding On". Apresentaram ainda surpresas com a nova "Boss" retirada do EP Moog for Love e a presença de Kwabs em "Willing and Able". Não faltou a demolidora "When a Fire Starts to Burn" para transformar a arena quase cheia numa discoteca house.
Disclosure
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Para terminar a discoteca passou para o Palco Carlsberg (sala Tejo) onde Bomba Estéreo, DJ Shadow e Riot tentaram manter os mais resistentes até depois das 5h da manhã.
Equipa Noite e Música Magazine no Super Bock Super Rock
Fotos: Vítor Barros
Textos: Miguel Lopes
Edição: Daniela Fonseca
Inserido por Redação · 15/07/2016 às 16:26