Pulp e The National no Primavera Sound Porto: A magia dos clássicos


Pulp e The National no Primavera Sound Porto: A magia dos clássicos

O convite foi feito e a plateia aderiu ao desafio. Foi assim, numa espécie de viagem no tempo que decorreu o concerto dos PULP no tão esperado Palco Vodafone do Primavera Sound.

DO ASTRO À PESSOA COMUM

Apesar da banda ter estado apenas três vezes em Portugal, o público está mais do conquistado e respondeu de forma efusiva a "I Spy", o tema que serviu de mote para o leque dos hits.

Tentar fazer "que estas canções regressem à vida" foi a justificação que Jarvis Cocker, figura icónica da banda, usou para que as vozes da plateia se alinhassem em sintonia. Mas a interligação com a assistência ainda foi mais longe. Desde rebuçados que foram atirados desde o palco, a apreciação do vinho português e anunciar o seu casamento que está para breve foi o suficiente para quebrar barreiras.

"Disco 2000" transformou o recinto Vodafone numa discoteca ao ar livre onde todos dançavam e cantavam nos mais diversos estilos. O 'bilhete da viagem' levou-nos ainda para o "Do You Remember the First Time?", "Something Changed" e "This is Hardcore". Já o sol esteve de volta ao Parque da Cidade quando Jarvis se colocou numa posição astral perante um dos holofotes, numa espécie de estrela, e entoou "Sunrise". Um momento único e que perdurará por muito tempo nas recordações de quem assistia ao concerto.

Mas não seria o único momento épico. "Common People", o tema que levou os Pulp aos pódios da britpop em 1995, recordou uma mensagem que ainda hoje está muito atual. A diferença de classes sociais, algo que está cada vez mais acentuado, poderia adotar este tema como um 'hino'. Porém, enquanto isso não acontece, o público do Primavera Sound Porto dançou, cantou e 'batizou' o tema com muitos copos de cerveja pelo ar. Um outro ponto icónico nesta passagem dos Pulp por Portugal e que certificou que nunca há desilusão nos concertos desta banda.

A MALTA CÁ DE CASA

Contemplar o público português com a sua dinâmica musical pela 22ª vez , já fez com que os The National deixassem de ser vistos como uns desconhecidos há uns bons anos. Os americanos já estão naquela fase de um grupo de amigos que convidamos até às nossas casas.


The National no Primavera Sound Porto – Mónica Joady © Copyright Noite e Música 2024

E foi precisamente essa atmosfera de proximidade que se fez sentir e que levou, inclusive, Matt Berninger a quebrar barreiras e deambular entre o público. Entre beijos e abraços, todos trataram o 'amigo' com a tão típica hospitalidade portuguesa.

"Um feliz mês Pride", foi a saudação que antecedeu "Sea of Love", o tema de abertura desta atuação. Seguiu-se um rol de cerca de duas dezenas de músicas onde não podiam faltar "Eucalyptus",  "Don't Swallow The Cap", "Bloodbuzz Ohio" e, claro,  "I Need My Girl". Neste último tema as vozes do público difundiram-se, claramente, com o timbre de Berninger.

Algo que se veio a verificar, novamente, com o tão conhecido "Fake Empire".

Um clarão, que não era da trovoada, mas sim de milhares de telemóveis, iluminou o Parque da Cidade durante a emocionante "Light Years".

Já Joe Bidden recebeu o apoio dos The National através da música "Mr. November". Apoio esse, que levou mesmo o vocalista afirmar "Fuck Donald Trump".

O amor entre a banda e o público será eterno, mas o ambiente de romance foi finalizado, ao fim de duas horas, com "Terrible Love" e "About Today". Porém, uma coisa é certa: os The National terão sempre os braços abertos dos portugueses e uma ligação umbilical eterna.

Equipa Noite e Música Magazine no Primavera Sound Porto
Mónica Joady e Cláudia Costa