NOS Alive'24, dia 3. O regresso à adolescência e o caminho do futuro


NOS Alive'24, dia 3. O regresso à adolescência e o caminho do futuro

No último dia de NOS Alive as atenções estavam concentradas no palco principal. Mais ainda que no dia anterior, via-se que mais de 90% do público (quase todo acima dos 40) estava apenas para Pearl Jam e o regresso à adolescência das camisas de quadrados e da Generation X.

Apesar do foco estar no palco NOS, a primeira passagem foi pelo Heineken onde King John, o alter-ego do músico açoriano António Alves apresentava uma voz muito semelhante a outro John, Father John Misty, mas sem o carisma do cantor norte-americano. A banda, talvez por ainda estar numa fase crescimento, não parecia passar algo que ouviríamos num casamento.

Já no palco principal, comemoravam-se os 30 anos de carreira dos Blasted Mechanism, desta vez sem máscaras, mas com a mesma mistura entre o electro-rock espiritual e cheio de mensagens esotéricas. Não faltou mesmo a presença virtual (vídeo gravado na Indía, onde se encontrará) do membro fundador da banda, Karkov.

Blasted Mechanism @ NOS Alive 2024

Blasted Mechanism @ NOS Alive 2024

Seguiram-se as The Breeders, também esperadas por alguns saudosistas dos anos 90. A banda das gémeas Kim e Kelley Deal mostrou-se bem animada em contraste com as letras e músicas depressivas que caracterizam a Generation X já referida. Não faltou o êxito "Cannonball" e a terminar o "Gigantic" (cover de Pixies, banda que Kim integrou).

Num salto ao palco Heineken vimos o melhor e mais injustiçado concerto deste festival. Os Khruangbin sofreram do efeito "one band festival day", isto é, todo o público estar presente para ver apenas o main headliner. Embora o concerto tenha começado bem composto, foi perdendo quórum à medida que se aproximava a hora dos Pearl Jam. Infelicidade para os que perderam o melhor concerto do festival, pois Laura Lee, Mark Speer e DJ Johnson não se preocuparam com isso e despejaram um mundo de influências musicais que vão do psicadelismo à música latina, do funk ao afrobeat, ou da eletrónica à música árabe ou indiana. O virtuosismo da guitarra de Speer, em conjunto com a seção rítmica do baixo de Laura e a bateria de DJ cozinham todas estas influências numa música tremendamente original e cativante. O diálogo constante entre a guitarra e o baixo foi a marca, com avanços e recuos, por entre as nuvens que passavam no vídeo, eram como os de uma relação amorosa com os seus altos e baixos. Espera-se um concerto em nome individual numa qualquer sala deste país!

Khruangbin @ NOS Alive 2024

Khruangbin @ NOS Alive 2024

A finalizar, os tão esperados Pearl Jam, de quem já não há muito a dizer pois a sua relação de segunda casa com Portugal leva a que todos os concertos sejam memoráveis. Desde o concerto do Dramático de Cascais em 1996 que Eddie Vedder e restante banda amam tocar em Portugal que lhes proporciona não só um público rendido, mas também bom vinho e ondas para surfar. Do concerto, há a destacar as cinco músicas tocadas do novo Dark Matter, com destaque para "Wreckage", e ainda Eddie a tocar "Imagine" de John Lennon no início do encore. De resto, foram os hits de sempre e que todos queriam ouvir e, apesar de demonstrarem algum cansaço de fim de tour (regressam a Seattle logo a seguir), não conseguem dar um mau concerto.

Pearl Jam @ NOS Alive 2024

Pearl Jam @ NOS Alive 2024

Nos palcos secundários a música ainda seguiu, mas para nós para o ano haverá mais nos dias 10, 11 e 12 de Julho.

Texto: Miguel Lopes
Noite e Música Magazine no NOS Alive com o apoio dos hotéis GAT ROOMS