NOS Alive: encantados pelo "Elvis do deserto" [review, dia 13]
Segundo dia, segunda enchente no esgotado NOS Alive 2018! Desde cedo o Passeio Marítimo de Algés, se foi compondo para uma noite em que mais dois experientes frontman mostraram a Alex Turner como se chega ao estatuto de estrela sem saltar passos.
No início do dia, o cabedal negro dos Black Rebel Motorcycle Club aqueceu ainda mais o final de tarde. A apresentar o mais recente Wrong Creatures (do qual tocaram "King of Bones", "Little Thing Gone Wild", "Ninth Configuration" e "Question of Faith"), os BRMC comunicam através da música com o seu rock psicadélico influenciado por bandas como os The Stooges, The Doors ou Ride. Peter Hayes, Robert Levou Been e a esfíngica Leah Shapiro na bateria saíram como entraram: quase sem dirigir uma palavra ao público, mas deixaram a mensagem para o final com "Whatever Happened to My Rock'n'Roll" e seguiram provavelmente para as suas Harley em direção ao pôr-do-sol.
Já depois dos substitutos Blossoms (os The Kooks haviam cancelado o seu concerto devido a problemas de saúde do vocalista), os The National confirmaram que tocam sempre em casa. Na sua 15ª passagem pelo nosso país, a banda de Matt Berninger nunca dá o trabalho por feito e o público por garantido (embora já o tenham!). Cada concerto é para eles uma nova conquista e dedicam-se de alma e coração à sua música. Se é certo que os seus concertos de festival não chegam aos níveis de emotividade dos concertos em nome próprio, Matt Berninger não deixam de arrancar o seu coração em todas as músicas ou de vir beber uma cerveja com o público, como aconteceu quase no final do concerto.
Tendo a confiança para começar com 5 músicas do mais recente álbum Sleep Well Beast, com destaque para "Day I Die" (com Matt já no meio do público) e "The System Only Dream in Total Darkness" logo se seguiram "Bloodbuzz Ohio", "Fake Empire" ou "Mr. November". O final com "Terrible Love" e a mais velhinha "About Today" do EP Cherry Tree de 2004 apenas confirmam que Matt Berninger e os The National já são uns dos nossos!
Outra banda que dispensa apresentações em Portugal, são os Queens of the Stone Age. A banda fundada e desde sempre liderada por Josh Homme, veio apresentar Villains, lançado no ano passado, e foi por aí que começou com "Feel Don't Fail Me" e "The Way You Used to Do". Saltitou depois por quase todos os álbuns, recuando até Rated R com "In the Fade". Com o "Elvis do deserto" Josh Homme a mostrar ao seu protegido Alex Turner o caminho a seguir, as explosões de guitarras sucedem-se por entre hits como "No One Knows", "Burn the Witch" ou "Little Sister". De "Era Vulgaris" o sensual "Make It Chu" convida as babes in the audience a dançar, e "My God is the Sun" solta o músculo e puxa pela bateria.
No final, "Go With the Flow", confirma (era preciso??) os QOTSA como a banda cool do rock pesado atual e a terminar um concerto sem encore, "Songs for the Dead" mostra uma banda que, apesar o dos hits mais orelhudos aqui e ali não renega o rock pesado.
A fechar o Palco NOS neste dia, os Two Door Cinema Club aspiram a ser os novos Artic Monkeys ainda na fase "banda de hits de Verão". O coletivo irlandês já tem várias músicas "orelhudas" que todos sabem de cor: "I Can Talk" logo na fase inicial e "Sleep Alone" pôs os resistentes do palco principal a dançar. Num palco onde já metade tinham rumado a casa ou dividiam-se pelos ritmos africanos de Branko ou o hip hop eletrónico dos Future Islands, a banda de Alex Trimble foi apenas entretida.
Enquanto isso, no Palco Sagres, as enchentes também se multiplicavam. Começando pelo final, os Future Islands confirmavam o seu estatuto como uma das maiores bandas do panorama alternativo americano. A banda de banda de Baltimore tem como ponto de destaque inequívoco, seu fontman Samuel P. Herring que empresta a todos os concertos uma energia e intensidade inigualáveis. Tendo um passado no hip-hop, a sua voz entra num registo quase spoken word por cima das batidas dançáveis saídas de sintetizadores e bateria. Ainda a promover o último The Far Field, foram as brilhantes "Ran" e "Seasons (Waiting on Tou)" que mais puxaram pelo público sempre deixado em sobressalto pelo irrequieto vocalista.
Antes disso, já o gigante cantor e compositor inglês Rag'n'Bone Man fazia a sua estreia em Portugal. Depois de conquistar prémios um pouco por todo lado, recebeu também a platina em Portugal e apresentou o seu som mais eletrónico com batimentos de hip-hop, soul e blues, em que todos esperavam o mega sucesso "Human" que apenas chegou mais para o final.
No início da noite, os novos embaixadores do nosso país (fizeram um novo vídeo de promoção do Turismo de Portugal), tinham a primeira enchente da noite. Os Portugal. The Man, grupo indie rock vindo do frio do Alaska, já passou por várias fases e estilos desde a formação em 2004, chegou ao sucesso recentemente com "Feel It Still" que os levou a serem nomeados para um Grammy e a arrastar pequenas multidões. Foi o que se passou nesta noite em que dividiram atenções com os The National. Passando por vários álbuns e misturando referências que iam desde o início com "For Whom the Bell Tolls" dos Metallica até "Another Brick in the Wall part 2" dos Pink Floyd ou "Children of the Revolution" dos T.Rex, lá foram agarrando a multidão.
Nota: Não foi permitida a captação profissional de imagens dos concertos de Queens of the Stone Age e Two Door Cinema Club à equipa de reportagem da Noite e Música Magazine.
Foto Queens of the Stone Age: NOS Alive
Equipa Noite e Música Magazine no NOS Alive
Fotos: Eduardo Salvador
Textos: Miguel Lopes
Edição: Nelson Tiago
Inserido por Redação · 14/07/2018 às 16:30