Meo Marés Vivas: reportagem do 3º dia, 20 de julho


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A caminho da porta de entrada, ouvia-se o que parecia uma música saída de um dueto entre Alice Russell e Sharon Jones. Era o soul de Marta Ren, que dava as boas vindas aos festivaleiros assíduos e, a sua maioria, sedentos por 30 Seconds to Mars. O terceiro dia, esgotadíssimo há uma semana, previa divertimento do inicio ao fim da noite.

Quando Virgem Suta chegaram ao palco, já o sol (que decidiu apareceu para a despedida da 11ª edição do festival) se punha. De Beja, com amor, Jorge Benvinda e Nuno Figueiredo vieram com a bagagem cheia de temas pop e rock revolucionário. Brindam ao melhor de Portugal, desabafam sobre os direitos do povo e exportam a tristeza que não faz falta a ninguém.

"Linhas Cruzadas", em dueto com uma jovem saída do público (a substituir Manuela Azevedo) tocou no rolar dos créditos. "Playback" de Carlos Paião e "Tomo conta desta tua casa", com 22 pessoas em palco, serviram de despedida com convites a beijos na boca e abraços aos compadres.

Rui Veloso, o verdadeiro representante da música portuguesa, pai do rock’n’roll que suspira de paixão pelos blues, era aguardado com especial carinho. Num concerto recheado de clássicos de 30 anos de carreira, a cantoria não acontecia somente no refrão, aqui as composições são cantadas do coração. "Porto Sentido" foi dedicada à sua cidade de eleição, com o público a comprovar que o que é nacional é bom e Rui a confirmar com um “Mai’nada” e um sorriso largo.

As mãos davam-se, falava-se ao ouvido e os abraços prometiam manter-se apertados durante "Primeiro Beijo". Seguiu-se "Porto Côvo" e à mente, vinha a ideia de que o best of de Rui Veloso, podia ter sido gravado na Praia do Cabedelo.

"Não me Mintas", "Todo o tempo do Mundo", "Sayago Blues" oferecido pelo músico ao rio Douro, "Lado Lunar" e "Nunca me esqueci de ti" fizeram parte de uma performance, enquadrada sem problemas, num cartaz algo díspar.

No ar pairava a falta de paciência e o nervoso miudinho, com esperança que o próximo concerto passasse rápido. Klaxons, com o seu repertório de indie rock casado com pop eletrónico, tocaram por 50 minutos e não chegaram ao clímax que poucos (mas bons) admiradores esperavam. Ainda assim, não faltaram os singles mais conhecidos, como "Golden Skans", "Echoes", "Gravitys Rainbow" e "Its Not Over Yet". Nem James Righton com a sua camisa prateada, condutora de energia, e personalidade irrequieta chegaram para angariar novos apoiantes.

A despedida de um concerto que não criou nenhum motim de felicidade ou arrepios nas espinha, foi feita com o "obrigado" do costume.

Para o consolo das centenas de jovens fãs, que estiveram desde madrugada coladas às porta do recinto para garantir o melhor lugar em frente ao palco, 30 Seconds to Mars atravessam as luzes azuis até ao centro das atenções. Após a apresentação por Nuno Markl, começa uma gritaria que se arrasta até à linha do horizonte. "Birth", com Shannon Leto forte na bateria, inicia a viagem por Marte.

"Search and Destroy" com um lyric vídeo a usar decentemente, e pela primeira vez no festival, o led no fundo do palco. "Are you ready to get crazy? We’re going to jump so high, we’re gonna touch the stars" e plateia nunca saltou tão alto – nem quando David Guetta pedia com jeitinho. E no final Jared gritou, com pronuncia do norte, "Viva o Porto".

Numa versão tão grandiosa de "This is War", que podia fazer parte de uma olimpíada desportiva, viram-se imagens de personalidades políticas, recordações a preto e branco e balões gigantes, a banharem as primeiras filas.

Breaking News: Dia 29 de outubro, 30 Seconds to Mars regressam a Portugal para um concerto na Meo Arena – o "Atlantic Pavilion", lembrado várias vezes durante o concerto. Jared Leto, é um artista multitalentoso, quer seja a cantar, a representar ou a rodopiar com a bandeira portuguesa. Em cima do palco ligam-se as câmaras, silencia-se o público e ação: começa a rodagem um vídeo sobre o concerto de Gaia, para juntar à jornada de espetáculos pela Europa. "Do or Die" e "City of Angels" – a última, apresentada como novo single nos Estados Unidos, pelos portugueses, em mais 2 takes de gravação – foram as surpresas da noite.

Nas pausas entre músicas, alguém comentava como é possível que Jared tenha 41 anos de idade e um sábio responde "O que o faz novo é a atitude dele" (aplausos!). Performances circenses, com um equilibrista dentro de um arco metálico e uma dupla a fazer mortais em dois extremos de uma tábua, seguiram a nova estética e suporte visual da banda. Como uma lufada de ar fresco, "Hurricane" e "The Kill (Bury Me)" foram tocadas em versão acústica. Os fotógrafos foram chamados ao palco, para tirar uma fotografia de família, à banda e ao público devoto – "Que bonito, c******", era o único comentário possível, àquela demonstração de amor mútuo.

"Love Lust Faith + Dreams", o título do quarto álbum de originais, foi ensinado numa aula de português coletiva. Para o prelúdio, ficaram "Kings and Queens" e "Closer to the Edge", com bonecos insufláveis, Jared a voar até às grades e vídeos de milhares de pessoas, para mais tarde recordar. "Up in the Air", o mais recente single, deu aso à imaginação e liberdade da equipa técnica para invadirem o palco ao som de "Everybody Dance Now", com breakdance, confetti e balões à mistura.

Um concerto que demonstrou o dote de entretenimento que o irmão Leto mais novo, tem em si. A história irá ser contada de mil e uma maneiras mas o que é certo é que a felicidade – de lágrimas a sorrisos – era universal e a culpa, foi da música. Em outubro há mais 30 Seconds to Mars e para o ano, aguardam-se mais noites de música na Praia do Cabelo (se não forem, alguém vos chega a roupa ao pelo!).

Fotos: Nuno Fangueiro
Texto: Sara Fidalgo