MEO Kalorama: Terceira edição na Bela Vista a variar entre o bocejo e a festa
À chegada ao Parque da Bela Vista para a terceira edição do MEO Kalorama deparamo-nos com algo incompreensível: um festival que prima pela diversidade e inclusão ainda não parece conseguir "incluir" os festivaleiros dentro do parque a tempo e horas! As filas para trocar pulseiras eram gigantescas e levavam as pessoas a estar horas na fila para entrar, pois o festival continua a não querer resolver esta questão ao fim de 3 edições!
Mas como é de música que queremos falar, vamos destacar no primeiro dia o regresso dos Gossip ao nosso país. A banda de Beth Ditto convidou ao primeiro pezinho de dança de fim de tarde com um concerto best of onde não podia faltar "Standing in the Way of Control" intercalado com um pouco de Nirvana.
O outro destaque da noite vai para os Massive Attack que deram o seu habitual concerto político a roçar a perfeição. Robert Del Naja e 3D juntaram os seus parceiros habituais para vocalizarem as canções: Horace Andy, Young Fathers, Deborah Miller e Elizabeth Frazer (Cocteau Twins) que nos brindou com uma lindíssima versão de "Song to the Siren". A mensagem dos concertos da banda questiona-nos sempre sobre a guerra, o capitalismo desenfreado a até a nossa própria individualidade.
Massive Attack @ MEO Kalorama 2024
A terminar a noite, Sam Smith praticamente repetiu o concerto do ano passado no NOS Alive e brindou a histérica plateia com os seus hits pop e o espetáculo entre as canções de amor e os desafios S&M.
Para o segundo dia mais um regresso, os The Kills para abrirem as hostilidades no palco San Miguel. A banda de Alison Mosshart e Jamie Hince é facilmente resumida: uma mulher, um homem, uma guitarra e muito suor. O regresso ao fim de sete anos confirmou esta teoria e o público provou um pouco de rock puro e sensualidade CIS/hétero a contrariar quase todo o cartaz deste festival.
Passámos depois para a discoteca do palco MEO, com os Jungle também a repetirem o seu último concerto do Campo Pequeno e o tão aguardado regresso dos LCD Soundsystem (na foto de artigo) de James Murphy que nunca desiludem e fazem música para todos os amigos do público. O final com "All My Friends" é sempre um momento de partilha e convívio!
Para o último dia estava guardado o maior bocejo num festival que se quer ainda afirmar. Com um incompreensível healiner como Burna Boy e mais alguns cancelamentos, foi Raye que ainda fez as honras de cabeça de cartaz e levou muitos ao palco principal.
Raye @ MEO Kalorama 2024
Podemos, no entanto, ainda destacar a presença habitual em palcos portugueses dos belgas dEUS e dos britânicos Yard Act no palco Lisboa a confirmarem a sua ascensão com um grande concerto.
Em resumo, esta edição do MEO Kalorama veio confirmar que o festival ainda luta com problemas de identidade querendo ser mais do que é (um festival de média dimensão), e com problemas de organização que já deveriam ter sido facilmente resolvidos. Tentando também ser diferenciado, ou até liderar, nas questões da inclusão acaba por cair em excessos de discriminação positiva ao querer incluir artistas à força sem olhar à melhoria da qualidade do cartaz. Esperamos mais racionalidade para que o festival se afirme como mais um dos aguardados nos próximos anos.
Texto: Miguel Lopes
Noite e Música Magazine no MEO Kalorama com o apoio dos hotéis Holiday Inn®
Inserido por Redação · 09/09/2024 às 15:31