Bob Dylan na Altice Arena: O Nobel de poucas palavras que conquistou Lisboa


Christopher Polk / Getty Images

Bob Dylan na Altice Arena: O Nobel de poucas palavras que conquistou Lisboa

Aos 76 anos, e após uma longa e merecida pausa na digressão, Robert Zimmerman, o eterno rei da música popular norte-americana que melhor conhecemos como Bob Dylan, regressou aos palcos e celebrou o regresso na Altice Arena em Lisboa para a primeira de muitas datas em 2018.

À hora prevista para o início do concerto, perante um cenário simplista e muito maduro, foi com a maior sala de Lisboa esgotada mas ainda por preencher que Bob Dylan "e a sua banda" entraram em palco. "Things Have Changed", tema integrante do álbum Modern Times de 2006, deu o toque de entrada e estabeleceu que esta não seria uma noite de grandes clássicos mas sim um espectáculo fiel ao cantor que durante quase toda a prestação permaneceu escondido por detrás do piano.

Regressando às origens de uma carreira que conta já com 50 anos de história, "It Ain't Me, Babe" e "Highway 61", clássicos de 1964 e 1965 respetivamente, deram seguimento a um alinhamento tocado sem conversas e sempre com um improviso sem rumo como introdução. "Make You Feel My Love", "Desolation Row" e "Don't Think Twice, It's Alright" foram outros dos temas que ressoaram na Arena. Mas foi apenas em "Why Try To Change Me Now", cover de 2015, que o septuagenário saiu do piano e se colocou no centro do palco com as suas calças de cabedal, a sua impactante postura e a voz rouca e nasalada que mantém quase sem alterações desde a juventude.

Referido como a voz de uma geração nos anos 60 e vencedor de inúmeras condecorações, de entre as quais se conta o controverso Nobel da literatura, Bob Dylan é sem dúvida ainda hoje uma das maiores personalidades musicais. Escritor, cantor, instrumentista e pintor, é ele quem assina grandes clássicos como "Like A Rolling Stone", "Mr. Tambourine Man" ou "Hurricane", clássicos que, para grande desgosto da audiência, não fizeram parte da setlist.

Já no encore, o remate final foi feito ao som de "Blowing In The Wind" (1963) e "Ballad Of A Thin Man" (1965), dois temas que poucos membros do público reconheceram devido aos arranjos vocais feitos pelo cantor e que dele já são expectáveis. Na memória fica uma noite sem grandes euforias mas que certamente foi inesquecível. E embora as quase duas horas de prestação tenham sido passadas sem que uma palavra fosse dirigida à audiência, Bob Dylan and His Band agradeceram no centro do palco e tiveram direito a ovação de pé.

Alinhamento
Things Have Changed
It Ain't Me, Babe
Highway 61
Simple Twist of Fate
Summer Days
Make You Feel My Love
Honest With Me
Tryin' to Get to Heaven
Don't Think Twice, It's Alright
Pay in Blood
Tangled Up in Blue
Soon After Midnight
Early Roman Kings
Desolation Row
Spirit on the Water
Thunder on the Mountain
Why Try To Change Me Now
Love Sick
Encore:
Blowin' in the Wind
Ballad of a Thin Man

Texto: Maria Roldão