Zé Ricardo em entrevista: "É deixar manter a essência sem rotular, porque um rótulo limita muito o lado criativo do artista"
"Este palco está feito para surpreender, encantar e trazer um conceito de música futura para o Rock in Rio" – A poucos dias do festival do Rock, estivemos na Bela Vista à conversa com Zé Ricardo, responsável pela programação do Palco Vodafone que nos falou do contributo deste palco para a ascensão de novos artistas.
Noite e Música: Este é o segundo ano do Palco Vodafone, que vem em substituição do Palco Sunset aqui em Portugal (o Palco Sunset é conhecido por criar encontros improváveis de artistas brasileiros e portugueses), sentiram na primeira edição uma adesão significativa que correspondeu às vossas expectativas?
Zé Ricardo: Esta é a primeira vez que eu estou a fazer o Palco Vodafone, não fiz a edição passada, eu comecei com o Palco Sunset aqui em 2008 e ele foi crescendo, foi para Madrid, foi para o Brasil, Las Vegas, foi para todos os lugares do mundo mas aqui com a entrada do Palco Vodafone na edição passada nos levamos os encontros do Palco Sunset para o Palco mundo! Este ano eu consegui poder dedicar-me ao Palco Vodafone e fazer algo que me tem dado realmente muito orgulho, nós estamos muito contentes com o trabalho que temos feito porque o resultado do "todo" do palco foi bem interessante! Eu fiquei muito satisfeito! Eu não consigo é avaliar muito como foi na edição passada mas eu acho que só do palco permanecer aqui é uma continuidade de algo que foi bem-sucedido.
NM: Não houve uma certa apreensão em substituir um palco tão característico de outras edições do Rock in Rio?
ZR: O Palco Sunset tem muita força no Brasil e em todos os lugares do mundo, eu acho que o Palco Vodafone traz um conceito diferente e muito interessante que é trazer novas tribos para o festival, nesse sentido é único.
NM: É talvez nesse sentido que o Palco Vodafone enriquece o Rock in Rio e lhe acrescenta algo novo ao festival aqui em Portugal.
ZR: Com certeza! Eu acho que o Palco Vodafone traz uma tribo diferente para o festival. Traz outros tipos de artistas que são mainstream dentro do seu seguimento e que nós muitas vezes não conseguimos abraçar num festival por causa da diretriz dos palcos. Ter o Palco Vodafone enriquece muito a programação porque eu acho que o Rock in Rio é forte como um todo, de uma maneira ampla, nós temos a Rock Street, o Palco Vodafone, o Palco mundo e se fizermos uma análise de conteúdo artístico eles completam-se. É talvez o mais interessante do Palco Vodafone! Ele entrou também para apresentar a um número maior de pessoas artistas que estão a despoletar as suas carreiras, é um trabalho bem bonito mas também bem difícil de se fazer.
NM: Qual é o principal critério para a escolha dos artistas a atuar neste palco? É no sentido de dar visibilidade a artistas não tão reconhecidos pelo público?
ZR: Sim, o Palco Vodafone abraça um tipo de conceito que já vem sido desenvolvido na Vodafone FM junto do conceito do Rock in Rio que é trazer qualidade. Esta junção foi muito positiva porque nós pudemos trabalhar o conteúdo, se olharmos para o cartaz deste palco, vemos que ele não é forte por um nome mas sim no seu conjunto. O conceito do Palco Vodafone torna-o muito forte.
NM: O Vodafone Wild Card é uma novidade nesta edição (Durante os 5 dias foi escolhido um artista português para completar o cartaz), uma parceria entre o patrocinador oficial e a Vodafone FM, esta aposta nos talentos portugueses emergentes é algo que tencionam manter nas próximas edições?
ZR: Com certeza! Eu acho que é uma coisa que só enriquece o festival. São artistas que hoje estão a dar os primeiros passos nas suas carreiras mas que talvez com esta participação no Rock in Rio possam tornar-se grandes nomes da música Portuguesa! Por isso na minha opinião é de extrema importância que nós tenhamos este tipo de investimento em bandas e artistas que estão em crescimento. É um conceito que nós adoramos!
NM: Acaba por se tornar para estas bandas um incentivo.
ZR: Exatamente! Isto do "alternativo" deixa-me sempre uma certa resistência, porque eu acho que a música deixa de ser alternativa dependendo do número de pessoas que alcança. Por exemplo, os Arcade Fire quando começaram eram vistos como uma banda alternativa e hoje são uma banda super mainstream, então eu acho que o conceito do alternativo varia de acordo com o êxito que a banda tem. Nós pretendemos tratar o artista independente do conceito e respeitando o seu seguimento, origens e características musicais porque é de facto mais importante do que coloca-las num nicho.
NM: É deixar a essência do artista.
ZR: Precisamente! É deixar manter a essência sem rotular, porque um rótulo limita muito o lado criativo do artista.
NM: Para terminar esta nossa curta entrevista gostava que fizesse um convite aos leitores da Noite e Música para aparecerem no Palco Vodafone nesta edição do Rock in Rio. O que é que vamos poder esperar?
ZR: Nós temos uma frase no Brasil que diz – "O povo sabe o que quer mas também quer o que não sabe" por isso para aqueles que querem o que não sabem, para aqueles que já são fans das bandas que vão estar no palco e para todos os que têm curiosidade, vontade de serem surpreendidos e ampliar o seu universo musical, não perca nem um concerto do Palco Vodafone! Este palco está feito para surpreender, encantar e trazer um conceito de música futura para o Rock in Rio. Fica aqui o convite e espero por todos vocês no Palco Vodafone.
Entrevista: Daniela Fonseca
Fotos: João Paulo Wadhoomall
Inserido por Redação · 18/05/2016 às 15:21