Tiago Nacarato em entrevista: "É importante participar nestes programas mas nunca perdendo a identidade"


Tiago Nacarato em entrevista: "É importante participar nestes programas mas nunca perdendo a identidade"

O programa "The Voice" marcou a entrada de Tiago Nacarato para a música em Portugal e a estreia nos palcos de festivais foi uma consequência natural. Foi depois deste mesmo concerto de estreia no MEO Marés Vivas que a Noite e Música falou com o artista sobre a sua entrada no panorama musical e as maiores dificuldades neste processo. Tiago Nacarato revelou a importância da cultura brasileira na sua vida e ainda falou do seu álbum de estreia que tem data marcada para 2019.

Acabas de atuar pela primeira vez neste festival que é o MEO Marés Vivas. Não posso deixar de te perguntar, qual foi a sensação de atuar neste palco?

Foi algo maravilhoso. Primeiro, porque estou a jogar em casa e depois porque estava uma plateia muito preenchida e eu gosto de atuar assim para muitas pessoas.


Recorda aqui a passagem de Tiago Nacarato pelo MEO Marés Vivas.


O teu nome está agora a entrar no panorama da música em Portugal. Sentes que as pessoas já te reconhecem e que já vão acompanhando o teu trabalho?

Sim, felizmente, com as várias aplicações que nós temos no telemóvel, eu sinto uma grande procura e recebo muitas mensagens que me fazem sentir acarinhado pelas pessoas. É um calorzinho especial que sinto dos portugueses e dos brasileiros também!

O Tiago Nacarato enquanto artista começou antes da tua participação no programa "The Voice". Existe alguma preocupação acrescida em entrar num programa de talentos quando já se sabe o que se quer e o caminho que se pretende seguir?

Eu nunca procurei participar. Na verdade fui convidado a participar e aceitei o convite. Mas acho que teve realmente uma influência gigante na minha carreira porque, quer queira ou quer não, os media têm um impacto gigante na sociedade. Penso que é importante participar nestes programas mas nunca perdendo a identidade.

Pouco tempo depois do "The Voice" e mesmo não tendo saído vencedor, consegues esgotar seis vezes o cinema Passos Manuel no Porto. A que é que se deveu este fenómeno?

Eu não estava, de todo, à espera de esgotar seis vezes o Passos Manuel mas realmente percebi que havia muita curiosidade por parte de quem me viu na televisão em me ver ao vivo. Acho que esta procura em me ver ao vivo se deveu ao facto de as pessoas terem gostado da minha música, ou melhor, é o que espero (risos).

Já nos mostraste que o samba e o Bossa Nova são a tua praia. Quando é que descobriste esta ligação a estes géneros musicais? Teve que ver com a tua família?

Completamente. O meu pai também é músico e os meus pais são os dois brasileiros, assim como 70% da minha família. Foi através do meu pai que fui conhecendo o trabalho de artistas como Noel Rosa, Cartola, Caetano Veloso, Djavan, e muitos outros. Foi uma consequência natural para mim ter essas influências.

Depois de muitos pedidos por parte do público brasileiro, tens agora algumas datas marcadas também no Brasil. É um desejo atuar do lado de lá do oceano?

Sem dúvida! De certa forma, lá eu vou estar mais dentro da minha praia. Aqui jogo em casa porque tenho os meus amigos que já me acompanhavam antes do programa e continuam a ver os concertos mas lá vou poder apresentar um reportório bem focado na história deles.

E achas que é mais fácil conquistar o público português ou o público brasileiro?

Acho que, de certa forma, os brasileiros sentiram-se representados por eu estar a tocar música brasileira num programa estrangeiro. Então eu acho que, à partida, pelo facto de eu ter trazido a sua cultura a um país que fica tão longe, eles já estão meio conquistados (risos)! O público português é um público mais difícil que não aceita muito bem a música brasileira. A tendência é para colocar tudo em gavetas e pensar que música brasileira é só o funk e a música sertaneja. Pessoalmente, acho isso um crime. As influências da música brasileira são incríveis, temos grandes nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, João Gilberto. E todos eles são tão importantes para a música brasileira mas também para a música de outros países. Como é o exemplo do Frank Sinatra que foi chamar o Tom Jobim para escrever arranjos para o disco dele.

Para terminar, o teu álbum de estreia está a ser preparado e tem data prevista para o ano que vem. O que é que nos podes contar sobre este teu primeiro trabalho discográfico? Vai ser cantado totalmente em português de Portugal?

Hoje em dia com a Internet o tradicional perde-se um bocado e as influências misturam-se cada vez mais rápido. Então eu acho que não me vou acanhar em ter músicas cantadas em brasileiro ou músicas cantadas em português. Até porque quero agradar muito o público brasileiro no sentido de lhes mostrar que eu estou com eles!

Entrevista: Daniela Fonseca