Guilherme Alface dos ÁTOA em entrevista: "Queremos que as pessoas reconheçam o nosso estilo musical"
O novo EP do Átoa chegou às lojas a 29 de setembro. Dias antes, falamos com o vocalista Guilherme Alface sobre as novidades deste novo projeto discográfico. O artista falou das diferenças deste Sem Noção e contou um pouco da história da banda que se juntou em 2014.
Antes de nos falares do EP que chega daqui a poucos dias, vamos voltar a 2014, o ano em que este projeto começou. Como é que a vossa banda surgiu? Átoa, suponho.
Precisamente! (risos). Muito resumidamente, inicialmente eu e o João queríamos fazer um projeto com originais que já tínhamos e precisávamos de um baterista. Como já conhecíamos o Rodrigo do Conservatório Eborae Mvsica de Évora, achámos que seria a pessoa certa, até por ser também nosso amigo. Depois com o desenvolver das coisas, começamos a querer gravar músicas e lançar faixas por isso quisemos procurar um baixista. Convidamos então o Mário Manguinho! Este processo de formação demorou mais ou menos dois a três meses.
Já podemos ouvir a vossa música nas rádios, no digital e até em novelas portuguesas. Mas para os mais distraídos que ainda não vos conhecem, como é que apresentarias a vossa banda?
Nós somos quatro alentejanos, isso é garantido! E somos rapazes bem-parecidos (risos). O que principalmente nos caracteriza é o facto de sermos de alguma maneira uma banda do povo. Nós fazemos muita questão de estar em contato com as pessoas porque efetivamente o nosso trabalho na música só faz sentido se as pessoas se identificarem com ela e a ouvirem. Por muito que nós gostemos do que fazemos e isto ser o nosso sonho, tudo é melhor se houver mais alguém de fora a identificar-se com a tua criatividade. Neste caso, com a música. Mais, somos quatro miúdos divertidos e descontraídos, gostamos de festa e de boas energias!
Como é que 4 rapazes de 18 anos se sentiram com a Universal Music a demonstrar interesse e vontade em trabalhar convosco?
Eu vou ser-te sincero. Na altura, quando nós decidimos colocar as nossas faixas na plataforma do Tradiio, ter o contato da Universal era a última das últimas hipóteses que poderíamos pensar! Era algo quase impossível a nosso ver, não tínhamos noção de que poderia acontecer. Mas efetivamente fomos à luta e decidimos colocar as faixas na plataforma! Percebemos que as pessoas estavam a ouvir e a apostar em nós e com isso chegamos ao top 50. Foi através deste Top que a Universal chegou até nós, porque eles comprometem-se a gravar, para o digital, a música que faz com estejas naquele Top 50. Entretanto, elas perguntaram-nos se tínhamos mais músicas e, como nós não tínhamos qualquer tipo de experiência de gravação de estúdio, perguntamos se podíamos tocar para eles. E foi o que fizemos. Tocamos ao vivo sete ou oito músicas originais em Português e eles quiseram assinar connosco. E aqui estamos, um passo de cada vez e, felizmente, a correr bem!
Quais são as vossas maiores referências a nível musical?
Nós vamos buscar referências a muitos artistas. Uma das principais características dos Átoa são as harmonizações de vozes, esta vertente vem muito do canto alentejano da nossa região! Mas depois existem bandas e artistas com as quais nos identificamos, como Os Azeitonas, Miguel Araújo, Bruno Mars, e tudo aquilo que vamos ouvindo e acompanhando de alguma forma. Nós fazemos questão de ouvir o máximo de música diferenciada que podemos porque há sempre mensagens e melodias diferentes que depois de alguma forma são importantes no processo de criar e construir. Depois, queremos que essa construção permita às pessoas identificar que a música é nossa, queremos que as pessoas reconheçam o nosso estilo musical.
Cantar em Português foi um critério obrigatório desde o início?
Sim, desde o início que quisemos cantar em Português. Curiosamente, desde o dia em que formamos a banda, concordamos que iríamos criar este projeto e o faríamos em Português. Até porque sempre nos interessamos pela composição, compomos os quatro, e, para nós, sempre fez mais sentido compor as letras na nossa língua.
Agora sim o vosso EP. Está em pré-venda na FNAC mas é 29 de setembro que data o lançamento. Apresenta-me este Sem Noção.
O próprio nome do EP já diz muito (risos). Felizmente, este ano tivemos uma agenda bastante preenchida a nível de concertos e, já desde o final do ano passado, estávamos a criar músicas que poderiam corresponder a outro tipo de sonoridades. Começamos à procura de algo completamente diferente do que fizemos no primeiro álbum e, nesse aspeto, a nossa experiência de estrada, os artistas que cruzamos e as pessoas com quem trabalhamos ajudaram muito. Este EP tem a grande diferença, em relação ao primeiro álbum, de ter uma produção que mistura mais o lado eletrónico com o acústico. É um EP assim um bocadinho mais fora da caixa porque temos um tema R&B que é o "Toque", há também outro tema que soa bastante à toa e é um dos meus favoritos que é o "Sem Noção" e que dá precisamente o nome ao EP. O nosso último single "Já Não" também lá está, assim como o "Queria Ser" e o "A Cada Passo", que lançamos o ano passado mas não quisemos deixar de fora deste trabalho discográfico pela sua mensagem. De resto, esperamos mesmo que as pessoas ouçam e gostem desde nosso Sem Noção.
Em 3 palavras, como o descreverias?
Hum.. Fora da caixa! Acho que é o ideal mesmo (risos).
Para terminar, em apenas 3 anos, os Átoa já foram nomeados para os Globos de Ouro, os prémios Nova Era e contam com inúmeros temas. A que se deve este sucesso e reconhecimento?
Nós efetivamente estamos há apenas 3 anos no mercado da música, o que é realmente muito pouco neste mundo, mas felizmente já muitas coisas boas nos aconteceram! Todo o sucesso que nós tivemos, eu vejo como objetivos cumpridos, mas deve-se também ao facto de termos tido a sorte de ter pessoas que nos acolheram desde o início e nos orientam sempre da melhor maneira. Estão sempre disponíveis para nos dizer o que está mal e o que pode melhor. A partir do momento que entras num mundo novo onde não tens conhecimento de nada e existem grandes profissionais que te dizem por onde ir, o que fazer e o que experimentar para melhorar, facilita muito o processo de adaptação. Com estas condições é normal que as coisas corram bem e, felizmente, até hoje, estão a correr muito bem e esperamos que corram assim durante muitos anos!
Entrevista: Daniela Fonseca
Inserido por Redação · 02/10/2017 às 17:21