Nos Alive'14: Palco Heineken, dia 3 (12/07), com Daughter, Unknown Mortal Orchestra e The War on Drugs


Nos Alive'14: Palco Heineken, dia 3 (12/07), com Daughter, Unknown Mortal Orchestra e The War on Drugs

Para o último dia estavam, finalmente, guardadas as pérolas deste Palco Heineken mas, já lá vamos!

A abrir, como sempre, os vencedores dos vários concursos de bandas promovidas pelas marcas que apoiam o o festival: os The 7 Riots ganhar o concurso "5 bandas a um osso" do programa da RTP "5 para a meia-noite" e lá foram puxando pelo pouco público com o seu hard rock do início dos anos 90 (com direito a guitarrista imitador de Slash, com riffs a condizer). Faltam-lhes refrões orelhudos e perceber que, infelizmente, o hard rock já só funciona em concentrações motard e festa revival. Seguiu-se Tom Mash, um português residente em Londres, vencedor da edição portuguesa do Hard Rock Rising numa versão John Butler a solo, com direito a guitarra acústica, harmónica e assobios que muito agrada num final de tarde e às meninas da primeira fila.

Mantendo o público sentado a apreciar o final de tarde surgiu Cass McCombs, acompanhado de uma pequena banda (baixo e bateria) para voar pela sua, já longa, discografia. O folk do norte-americano não levantou muitos do chão mas agradou, especialmente a celebrada "Wit’s End".

Seguiu-se uma das bandas mais aguardadas (por vários públicos diga-se) neste palco: os The War on Drugs vieram apresentar o seu mais recente "Lost in Dream" e não defraudaram as expetativas. Perante uma plateia repleta, nem o muito vento, nem o espetáculo aéreo que decorria pelos ares, nos fizeram desfocar de um concerto sempre em crescendo. Desde "Red Eyes" a "Burning", "Eyes to the Wind" ou "Under the Pressure", a americana referenciada pelo vocalista Adam Granduciel em nomes como Bob Dylan ou Bruce Springsteen, foi amplificada pelas guitarras, sintetizadores e um saxofone sempre presente. Estava aqui o primeiro rebuçado da noite!

Um pouco mais agridoces foram os Unknown Mortal Orchestra. Depois de um início a meio-gás, com alguns tiros ao lado e uma ou outra canção a soar a baladas melosas r&b, lá acertaram o passo, o líder Ruban Nielson tomos as rédeas (isto para não dizer que por vezes parecia sozinho em palco) e lá mostrou os seus virtuosismos e desvarios sónicos metralhando a audiência a riffs de guitarra. Tirando algumas exceções (como a conhecida "So Good at Being In Trouble") onde a sua voz soul se aproximava do aceitável, nas restantes canções o êxtase dava-se apenas quando a guitarra e a distorção tomavam conta e puxavam sozinhas pelo público.

Em êxtase permanente estiveram os PAUS. A banda portuguesa não deixa ninguém descansar e só nos intervalos entre canções alguém consegue respirar. A promover o seu novo disco Clarão, os PAUS apresentaram-se mais melódicos (fruto da nova contratação Fábio Jevelim?) com a agressividade das baterias a ser complementadas com mais teclados e sintetizadores (quase)-pop, que lhes dão nova dimensão. Surgiram as novas "Pontaemola", o single "Bandeira Branca" e "Corta Vazas". Ninguém ficou indiferente!

De fenómeno em fenómeno, seguiu-se um que desconhecíamos já o fosse em Portugal. Os Daughter conseguiram algo que faltou aos Mazzy Star à bem pouco tempo neste mesmo palco: roubaram público ao palco principal para embarcarem em viagens pela escuridão. Sempre na penumbra ou à contra-luz as caras dos membros da banda nunca se vislumbraram pois o mais importante era a música por vezes ambient, noutras quase post-rock (nas guitarras e sintetizadores). A voz de Elena Tonra tanto soava a Cat Power como a Björk e encaixava de modo perfeito nas melodias negras (porém quentes) da banda. Não sabemos se o fenómeno advém das muitas presenças em bandas sonoras de séries e filmes juvenis mas é um fenómeno em crescendo no nosso país.

Para terminar outro mega-fenómeno! Com apenas uma pequena presença no nosso país (concerto no Lux), Chet Faker transformou a tenda do Heineken numa gigantesca discoteca e no sitio mais cool do Alive naquele momento. Alternando entre o set de DJ, apenas com caixa de ritmos e o live act com banda (baixo e bateria), a voz soul do australiano cativava tudo e todos. Mas não era só para a festa que Nick Murphy estava ali! Para além da já conhecida versão de "No Diggity" dos Blackstreet, apresentou também canções mais antigas ao piano que conseguiam emocionar uma plateia que ainda não estava pronta a despedir-se do Alive 2014. Do EP Thinking in Textures surgiram ainda "I’m Into You", "Cigarrettes and Chocolate" ou "Love and Feeling" e do mais recente "Blush", "1998" ou "Drop the Game". Poderemos dizer que superou em muito as expetativas.

Já sem pernas para tão grande alinhamento de bandas deixámos o já conhecido Nicolas Jaar para outras andanças. O palco Heineken deste ano valeu realmente por este último dia…

Fotos: Diogo Baptista e Vic Schwantz/Oporto Agency
Texto: Miguel Lopes c/ Oporto Agency