Rock in Rio Lisboa: reportagem do 2º dia, com Rolling Stones e Gary Clark Jr.
Peregrinação à Bela Vista, com 90 mil aficionados da religião Stones.
O segundo dia do Rock in Rio Lisboa 2014 era sem dúvida o mais esperado. Os bilhetes encontravam-se esgotados e toda a gente queria ver aquela que muito provavelmente seria a última passagem dos Rolling Stones por Portugal. As portas abriram mais cedo e muitos foram os que quiseram guardar lugar nas filas da frente do palco Mundo, por onde Rui Veloso, Lenine, Angelique Kidjo, Xutos e Pontapés, Gary Clark Jr e Rolling Stones iriam passar.
Uns minutos antes da hora marcada eis que o pai do Rock português entra em palco a mostrar o seu "Lado Lunar" que serviu de chamariz para o público que andava a circular pela cidade se dirigisse ao palco. Lenine é chamado a palco e partilha o seu "Leão do Norte" com Rui Veloso que cede o palco para o brasileiro mostrar alguns dos seus temas. O concerto estava morno, mas com a entrada de Angelique Kidjo o público despertou ao som de "Redemption Song" de Bob Marley com os Shout a ajudarem a cantora, compositora, dançarina, atriz, diretora e produtora beninense. Rui Veloso partilhou "A Paixão" com Lenine e, juntamente com o coro do público fizeram o primeiro momento alto do espetáculo. De seguida volta a entrar Angelique que veio homenagear Cesária Évora e, em conjunto com os restantes músicos entoaram o mítico "Sodade". beninense mete um ponto final neste corrupio musical com "Africa", distribuindo cumprimentos pelo público e incentivando-o a fazer ecoar o refrão.
"Nós somos os Xutos e Pontapés e há 35 anos que fazemos isto tudo à nossa maneira", foi o mote para anunciar um dos seus grandes êxitos mas é também o motivo pelo qual foram convocados para este dia, onde o Rock foi rei. "Tu Também" foi o tema escolhido para a entrada em palco e foram recebidos com um enorme aplauso pelos milhares de espetadores que já se encontravam no Parque da Bela da Vista. Após 12 minutos de concerto, os Xutos fazem soar as sirenes e com o arranque dos "Contentores" o público já era deles. O alinhamento ajudou à festa: "Ai Se Ele Cai", "Homem do Leme", "Dia de S. Receber”, "Chuva Dissolvente" foram vividos intensamente tanto no palco como no recinto. Pelo meio foram apresentados alguns temas de "Puro", último trabalho da banda. Para terminar em grande chama-se a "Maria", matam-se as saudades da "Casinha" e encerra-se este "Circo de Feras".
Para fazer o último aquecimento antes dos Rolling Stones e para mostrar um estilo musical mais ligado ao Blues, Soul, R&B mas nunca esquecendo a vertente dominante da noite (o Rock), Gary Clark Jr. entra em palco com a sua guitarra, ao som de "Catfish Blues", original de Robert Petway. Gary possui um estilo muito próprio de tocar a sua guitarra, deixando muitos boquiabertos. Apesar de o seu nome ainda não ser muito conhecido em terras lusas, por entre os 86 mil espectadores que já se encontravam no recinto ouviam-se comparações com outros grandes músicos tais como Bem Harper, Jimi Hendrix e Lenny Kravitz. O alinhamento foi essencialmente focado no seu último trabalho: Blak and Blue, mas também houve espaço para um cover de Albert Collins e de B.B. King.
Há medida em que os ponteiros do relógio se aproximavam da entrada dos lendários Rolling Stones entrarem em palco, a euforia do público aumentava exponencialmente. Os olhos de quase 90 mil pessoas estavam atentos a cada movimentação no palco e, muito pouco após a hora prevista, os britânicos Rolling Stones são anunciados na sua língua materna, e com uma explosão de luz vermelha e branca, lançamentos de chamas e uma gigantesca ovação, Mick Jagger e restante banda entram em palco com "Jumpin' Jack Flash". O público entregou-se de imediato. Jagger está muito perto dos 71 anos, mas continua com o seu estilo único em palco, cheio de força e vitalidade. Com mais de 5 décadas de existência, os Rolling Stones são considerados a maior banda de Rock n´Roll e a sensação de os ter pela frente é impossível de descrever. "Live With Me" estava a chegar ao fim quando é anunciado uma participação especial e eis que entra o Boss; Bruce Springsteen que leva o parque da Bela Vista à loucura e vem pronto para escrever história, a partilhar "Tumbling Dice" com Jagger, Keith Richards e companhia. Para quebrar um pouco o ritmo, "Wild Horses" entra em ação, sendo muito bem recebida pelos espetadores que ainda se encontravam eufóricos pelo momento dos Stones com Springsteen. Quem pensava que as surpresas já se tinham esgotado estava enganado: Gary Clark Jr. é chamado para a festa e com "Respectable" eleva a vibração do público para um nível ainda mais elevado.
"14 on fire" é a digressão que trouxe os Stones para a estrada e para o Rock in Rio. O palco tem uma catwalk que se assemelha à típica língua dos Rolling Stones e cada vez que a banda se aproxima o público delira. A reta final foi um momento épico, ("Start Me Up", "Sympathy For The Devil "e "Brown Sugar") com o clima a subir cada vez mais culminando num reboliço "You Can't Always Get What You Want" e "(I Can't Get No) Satisfaction".
O segundo dia do Rock in Rio ficou guardado para grandes nomes do Rock sendo impossível não destacar os Rolling Stones que tiveram a missão de deixar marcada esta edição do Rock in Rio no mundo da música. Com uma participação inesperada de Bruce Springsteen. Para além de fazer correr muita tinta, este dia vai ser falado por muito tempo pelos 90 mil que a viveram. Fez-se história no Rock in Rio.
Foto Mick Jagger: Agência Zero
Fotos: João Paulo Wadhoomall/Agência Porto
Texto: Bruno Silva
Inserido por Redação · 30/05/2014 às 16:22