Norton em entrevista: "A música cresceu connosco"
Na semana em que os Norton lançam o seu novo trabalho homónimo, estivemos à conversa com Pedro Afonso (voz e guitarras) e Rodolfo Matos (baterista) da banda, para desvendarmos este disco e a tour que vai arrancar no próximo dia 15 de março em Lisboa e que passará pelo Porto, Castelo Branco, Portalegre e Guimarães, seguindo para Espanha.
Noite e Música: Quem são os Norton?
Pedro Afonso: Os Norton são uma banda indie-rock, indie-pop, com 12 anos de existência. Somos 4 elementos, 3 de Castelo Branco e 1 das Caldas da Rainha mas quase albicastrense. Temos 4 discos editados mais uma série de coisas feitas…
NM: O que é que não pode faltar nas vossas músicas?
Rodolfo Matos: A nossa alma.
Pedro: Basicamente a música dos Norton neste momento é caraterizada por músicas com uma intensidade grande. Com uma energia que transmite bem aquilo que são os Norton em 2014 e pelo menos nos últimos anos. Os outros discos eram um pouco diferentes destes 2 últimos; com guitarras muito caraterísticas. Obviamente somos influenciados criativamente por uma série de guitarristas mas as canções dos Norton são as canções dos Norton, são músicas que não têm tantos segredos quanto isso mas têm uma identidade nova e um universo que apesar de não ser algo explosivamente novo, porque acho que hoje em dia ninguém faz nada de cem por cento novo, têm a nossa identidade e quem nos acompanha reconhece-o e conseguem distinguir quando ouvem as nossas músicas na rádio, mesmo que não sejam fãs incondicionais de música. Temos uma identidade que tem sido criada aos poucos independentemente das influências que têm sido diferentes de disco para disco e estamos cada vez mais no nosso caminho.
NM: O que mudou desde o EP Make me Sound?
Rodolfo: A música cresceu connosco. Tínhamos menos 12 anos, menos experiência de estúdio, de estrada, como pessoas… E a nossa música reflete-se nisso, em todas as experiências. Acho que essa é a grande mudança que se reflete nas nossas canções. Em palco somos uma banda mais confiante do que eramos.
Pedro: Defendemos uma coisa que penso que seja transversal a toda a gente e quem não o faz acaba por se refletir nos concertos ao vivo; defendemos uma teoria que se calhar não é teoria nenhuma mas é mais um know-how e que vem do senso comum que é a estrada faz de os músicos, os concertos, o andar na estrada, o tocar em muitos sítios, para muitas pessoas… Os públicos são diferentes, os sítios são diferentes, os palcos são diferentes e com os concertos ao vivo nós tocámos muito (gostaríamos de ter tocado mais), tivemos a oportunidade de ter tido uma tour pela Europa mas quando tocamos em cidades diferentes, com culturas diferentes, estamos a crescer porque estamos a apanhar com um pouco de tudo. Se não tocares ao vivo tu não cresces como músico. Em 2004 eramos inseguros em palco, se houvesse algo que não corresse tão bem por vezes transmitíamos às pessoas, mas tudo isso fez-nos melhores músicos.
NM: O álbum Norton segue a sonoridade de Layers of Love United?
Pedro: Sim, fecha o ciclo. Tem canções que as pessoas podem associar ao disco anterior mas ao mesmo tempo tem muita coisa nova, novos caminhos, novos rumos que andamos a explorar. Não fazia sentido um Layers of Love United 2, nem queríamos dar isso às pessoas. Fecha o ciclo e abre um novo caminho.
NM: Como descrevem este novo trabalho?
Rodolfo: Intenso.
Pedro: É um disco consideravelmente mais intenso que o Layers of Love United. Mantemos as características das guitarras, os ritmos rápidos que agora são ainda mais rápidos. Os próprios arranjos são mais complexos, mais fortes… Apesar de haver uma pequena ligação em algumas canções com o Layers, o disco apresenta 8 temas mais coesos e que em 2014 fazem todo o sentido naquilo que foi um ano e meio de composição dos Norton e das nossas vidas.
NM: Com a experiência que foram ganhando nestes anos podemos afirmar que é cada vez mais fácil gravar um álbum?
Pedro: No processo em si de estúdio e de gravação do disco houve uma diferença considerável em relação ao anterior. No Layers houve uma mudança um pouco grande em relação ao anterior, lançado em 2007. E de 2007 para 2011 houve uma grande mudança da estrutura dos Norton e o processo de gravação do Layers foi quase um apalpar terreno e descobrir novos caminhos. Este disco veio confirmar alguns caminhos que vêm do anterior e cimentar que os Norton são isto e ao mesmo tempo veio abrir rumos diferentes para aquilo que possam ser algumas canções dos Norton no futuro. Disfrutamos mais neste disco porque estávamos a explorar terreno que já conhecíamos… Não só nós como o nosso produtor Eduardo Vinhas que depositou muito da vida dele, da sua experiência e dos seus gostos musicais neste disco…..
NM: Como tem sido a recetividade de "Magnets" (single de apresentação)?
Rodolfo: Tem sido positiva, a música passa nas rádios, as pessoas gostam e pedem…
Pedro: Temos alguns indicadores de que a música está a crescer… Esta música tem uma característica especial, não é uma música que entre logo na casa e na vida das pessoas, não se ouve uma vez e decora-se logo o refrão; lá está a complexidade do disco… A Magnets é muito complexa, vai-se descobrindo à medida que se ouve e isso acaba por cativar muito mais as pessoas. A música foi lançada em meados de janeiro e acho que ainda não atingiu metade do potencial que ela tem para atingir… De chegar às pessoas, às televisões, a mais rádios. Mas de uma forma geral o feedback tem sido ótimo. Costumamos dizer que se está a alastrar como uma praga mas daquelas saudáveis.
NM: É o terceiro álbum editado também no Japão. Qual o motivo?
Rodolfo: Infelizmente nunca lá fomos, mas acreditamos que os nossos trabalhos sejam bem recebidos senão a editora não insistia no lançamento. Esperamos que com este disco finalmente consigamos lá ir.
NM: O que podemos esperar para esta tour que arranca no dia 15 de março em Lisboa?
Rodolfo: Concertos para por as pessoas a mexer, deixar sorrisos na cara…
Pedro: Vamos dar tudo porque é nos concertos ao vivo que chegamos às pessoas mas a julgar pelos ensaios que temos tido nos últimos meses em que acabamos os ensaios fisicamente quase no limite; estas músicas são tão intensas e quando as misturamos com as do Layers, não só são mais músicas como se torna tudo assim numa espécie de nuvem condensada de tensão e de melodias que temos que deitar cá para fora e é isso que tem que chegar às pessoas. Vão ser concertos muito transpirados e com muita boa energia.
NM: Quais são os planos para este ano?
Rodolfo: Tocar ao vivo o máximo possível e tentar disponibilizar o disco em mais países.
Pedro: Ainda é muito cedo. Ainda estamos agora a finalizar alguns planos que definimos ao longo deste ano e meio e nestes últimos tempos em que saímos de estúdio e temos estado a programar o lançamento do trabalho e destes concertos que ainda nem começaram, ainda é cedo para estar a talhar planos de futuro. Ainda não conseguimos absorver bem o presente e o futuro próximo tem que ser pensado…
NM: O que é que vos falta fazer?
Rodolfo: Ir ao Japão… (risos)
Pedro: Eu acho que nós os 4 temos esse sonho, é transversal na banda que nesta altura de crise, conseguir fazer o que mais gostamos, fazer disto as nossas vidas. Se conseguirmos viver exclusivamente da música acho que tudo o resto vinha por acréscimo. Para conseguirmos fazer algo que ainda nos completasse mais partiria da ideia base que é fazer disto exclusivamente a minha vida profissional.
Fotos: João Paulo Wadhoomall
Entrevista: Bruno Silva
Inserido por Redação · 14/03/2014 às 13:49