NOS Alive'24, dia 1. Dia de confirmações

Num dia em que a meteorologia demonstra indecisão entre o sol e calor e a ameaça de chuviscos, no Passeio Marítimo de Algés o público entrou decidido e logo cedo para ver os primeiros concertos.

Num Palco Heineken com decoração renovada os neozelandeses Unknown Mortal Orchestra abriram as hostilidades numa área já bastante composta de público. Eram um dos concertos aguardados do dia mas demonstraram-se monocórdicos e pouco dispostos a acordar a multidão.

A abrir o Palco NOS, os britânicos Nothing But Thieves vieram apresentar um dos álbuns de rock alternativo mais ouvidos em Inglaterra, no ano passado. "Overcome", "Tomorrow is Closed" ou "Welcome to the DCC" apresentaram "Dead Club City" ao público nacional. A energia cativante de Conor Mason e restante banda e ainda um cover de Pixies (Where is My Mind?) abanaram os primeiros a chegar ao palco principal.

Seguiu-se a incógnita do dia: como iria Benjamin Clementine abordar um concerto no palco maior de um festival de Verão? Habituado a ambientes mais intimistas, o londrino de ascendência nigeriana, lançou-se a umas primeiras músicas com arranjos mais eletrónicos com os sintetizadores como que para agarrar o público festivaleiro. Para a segunda parte do concerto vieram "Nemesis", "Adios" ou "I Won't Complain" já em formato mais habitual. Mais uma vez a voz e estética teatral de Benjamin conquistaram fãs em Portugal.

Benjamin Clementine @ NOS Alive 2024

De regresso ao Heineken, os norte-americanos Black Pumas enchiam a casa com o seu soul psicadélico. Dois anos depois da sua primeira passagem, a setlist passou, em partes iguais, pelos dois álbuns da banda texana a terminar com a habitual "Colors".

Entre os headliners do palco principal, outra enchente para os Parcels, australianos baseados em Berlim, que transformam a tenda da cerveja numa pista de rave orgânica da cidade alemã. "Overnight" não deixou ninguém parado e de telemóvel em riste para gravar "aquela".

Parcels @ NOS Alive 2024

Na frente ribeirinha os headliners discutiram a primeira posição taco-a-taco. Os muitos que vieram ver os Smashing Pumpkins, vindos de uns 90s marcados pelo grunge que eles moldaram com o psicadelismo e distorções, não ficaram defraudados pois, ao contrário dos anúncios de Billy Corgan, todos os grandes hits foram tocados. Do início com "The Everlasting Gaze", "Today" ou "Tonight, Tonight", passando por um cover de U2 ("Zoo Station"), "Ava Adore", "Bullet with Butterfly Wings" ou "1979" e até terminar com "Cherub Rock" e "Zero". Vimos um Billy Corgan muito brincalhão, James Iha a fazer de comunicador e o resto da banda a trazer a antiga agressividade das guitarras com distorção que caracterizam a banda.

Smashing Pumpkins @ NOS Alive 2024

Também os canadianos Arcade Fire (foto inicial) optaram pelo concerto "all hits on the table". Ao contrário dos últimos concertos em que dividiam o set em duas partes: Funeral (o primeiro álbum tocado por inteiro) e depois "Set 2" em que misturavam os restantes álbuns, em Algés optaram por passar apenas pelos grandes hits (e já são muitos!), num concerto sem grandes momentos para respirar pois todos conheciam todas as músicas. Com a teatralidade (e mesmo sacralidade) a que já nos habituaram, a banda de Win Butler e Régine Chassagne parece estar a regressar aos primórdios em que veio apresentar-se em Paredes de Coura ainda com uma inocência de um grupo de amigos que só quer fazer música e não como as megaestrelas que já são. Nesta noite a música soou mais orgânica, viva e honesta. Acabou com a festa habitual dos coros entre a banda e o público.

Primeiro dia cumprido com nota alta!

Texto: Miguel Lopes
Noite e Música Magazine no NOS Alive com o apoio dos hotéis GAT ROOMS