Primavera Sound Porto: Uma diva perante uma lotação esgotada de noivas

Foram muitos os que recordaram o frenesim da abertura das lojas na época dos saldos quando se depararam com os fãs de Lana Del Rey a correr pelo recinto do Primavera Sound Porto em busca de um lugar privilegiado. Aliás, foram também muitos os que passaram a noite anterior junto das entradas do recinto e nem as cuidadosas indumentárias de noiva se tornaram num obstáculo. Tudo em prol de uma das Divas do panorama musical internacional.

Tal como a personagem da Alice, Lana esteve no seu país das Maravilhas. Entre varandas, uma escadaria e uma vegetação vibrante, a artista fez entoar os primeiros timbres da sua voz. Uma cena digna de um momento cinematográfico.

Entre fotografias do presente e do passado projetadas no écran e a dinâmica com o grupo de bailarinas, a artista americana ia despertando, ou acentuando, emoções perante a plateia. Aliás, quando desceu do palco para se juntar ao público para as habituais selfies, uma espetadora, com um timbre de felicidade acima do normal, derrubou a barreira para estar mais próxima da sua ‘deusa’. Um momento que foi logo resolvido, mas que levou Lana a exclamar "Ela é doida".

O delírio atingiu o auge na longa versão do tema "Did you know that there's a tunnel under Ocean Blvd", que faz jus ao último álbum, mas as vozes do público também se fizeram ouvir em "Summertime Sadness", "Arcadia" e "Video Games".

"I'm so fucking happy to be here" foi a forma como Lana del Rey expressou a sua gratidão e alegria perante a lealdade do público português. Já este ficou extasiado por cada minuto perante a Diva.

A ESCURIDÃO DO PALCO VODAFONE E A JOVEM LUZ DA INDIE BRITÂNICA

Porém, nem tudo correu bem neste segundo dia da 11ª edição do Primavera Sound Porto. Os problemas técnicos, que a organização ainda não esclareceu, originaram o cancelamento de todos os concertos destinados para o palco Vodafone.

Uma decisão que levou ao desespero dos quem vinha escutar a música dos Justice, também eles cabeças de cartaz do evento. Aos franceses juntaram-se ainda Classe Crua e The Legendary Tigerman que se viram assim impossibilitados de subir ao palanque.

De volta ao palco principal, o Porto, estiveram as The Last Dinner Party, consideradas uma das bandas mais hype do Reino Unido.

The Last Dinner Party no Primavera Sound Porto – Mónica Joady © Copyright Noite e Música 2024

Este quinteto usa as letras e a sonoridade da sua música como uma mensagem reivindicativa pelos direitos das mulheres, de modo a que estas nunca sejam vistas como meros objetos. Aliás, a sensualidade que transmitem ao longo da atuação é quase como uma espécie de "I'm sexy and so what?". No entanto, a jovialidade destas jovens britânicas não as impede de mostrar a sua preocupação com o aumento de custo de vida, a descrença no futuro e a falta de oportunidades no panorama atual, nem que isso seja expresso através da dança.

"Burn Alive" foi o tema com que as The Last Dinner Party abriram a atuação no Primavera Sound Porto. Seguiram-se "Caesar on a TV Screen", "Nothing Else Matters" e ainda houve tempo para um cover de "Wicked Game" de Chris Isaak. Tudo isto em sintonia entre diversão e agilidade. Algo a que o público respondeu de forma muito positiva.

Equipa Noite e Música Magazine no Primavera Sound Porto
Mónica Joady e Cláudia Costa