Rosalía furacão e Fred Again trovoada no dia em que Óscar ameaçou ser cabeça de cartaz
O segundo dia do Primavera Sound Porto arrancou, esta quinta-feira, com todos os palcos a funcionaram em pleno. Num dia em que a depressão Óscar ameaçava ser um dos cabeças de cartaz, a tarde proporcionou-se solarenga, surpreendendo os mais prevenidos.
Com um cartaz para todos os gostos e no qual os nomes mais pequenos pareceram despertar interesse e curiosidade, Fumo Ninja e Quadra, ambas bandas portuguesas, abriram as hostes para um ambiente descontraído e de boa disposição.
Já no Palco Plenitude, The Murder Capital apresentaram-se introspetivos e sombrios, como só uma banda de punk sabe ser, e com as suas influências de Joy Division e The Cure prepararam terreno para os Bad Religion, que viriam a atuar no Palco Super Bock à mesma hora que Rosalía.
Alvvays, banda canadense de indie pop, entrava no Palco Super Bock quando a chuva veio para ficar. Estava oficialmente confirmado o dress code da noite: capa de chuva e galochas. Num ambiente estilo "Glastonbury" chuvoso e lamacento, Arlo Parks subiu ao Palco Porto pelas 19h40, trazendo consigo um groove suave e um arco-íris no horizonte. Da setlist fizeram parte "Bruiseless", "Hurt", "Too Good" e "Devotion". "Softly" fechou o concerto da artista britânica.
Já no Palco Vodafone, Maggie Rogers conquistou a público, que mesmo com a chuva persistente, resistiu e dançou até ao fim. A artista americana, que bebe de influências como Alanis Morissette, apresentou-se com temas como "Want Want", "Give a Little" e "That's Where I Am". Com "Anywhere With You", Maggie Rogers mostrou que não haver melhor lugar do que aquele para se estar e com "Light On" aqueceu os corações de todos os presentes.
O segundo dia avançava a passos largos para os cabeças de cartaz, quando The Mars Volta subiram ao Palco Porto e apresentaram o seu rock progressivo com notas de Jazz e ritmos latinos, perante uma plateia pouco convencida e a desejar desesperadamente um boost de energia. Como desejos são ordens Fred Again, pela primeira vez em Portugal, não desiludiu e marcou claramente um antes e um depois. Muito esperado e ovacionado pelo público apresentou-se com "Kyle (I Found You)", "Bleu" e "Baby Again". No entanto, foi com "Jungle" que se deu um relâmpago, seguido de uma verdadeira explosão energia. Parar de dançar passou a ser uma missão quase impossível. Visivelmente feliz pela grande adesão do público, Fred Again esbanjou sorrisos e palavras de agradecimento e seguiu com "Turn On The Lights again..", "Rumble" e "Sabrina (I Am a Party)". Numa altura em que a chuva deu tréguas e corria apenas uma brisa fresca, "Marea" foi, muito provavelmente, o auge de um grande concerto. Uma viagem sensorial e de mergulho nas emoções mais profundas, uma nota para a impermanência das coisas e para que a mesma não seja impedimento para esta dança chamada vida.
Aquecido, reenergizado e de sorriso no rosto, o público deslocou-se a passos rápidos para o Palco Porto. Rosalía, o nome mais esperado da noite, abriu o concerto com "SAOKO" e "Bizcochito". Estava confirmada a chegada do furacão. A simpatia e interação foram uma constante da artista espanhola, que trouxe consigo um espetáculo rico em coreografias, detalhes e musicalidade. O amor de Rosalía pelo Flamenco é notório em todos os gestos e trazem ainda mais intensidade à sua atuação. Do reportório fizeram parte temas como "La Fama", "Diablo" e "Despechá", uma das músicas mais conhecidas da artista espanhola e que foi cantada em plenos pulmões por todos os presentes. A transição entre a vulnerabilidade e doçura e a sensualidade e empoderamento, são imagem de marca de Rosalía e ficaram bem presentes na transição de "Candy" para "Motomami" e "La Combi Versace". Ouviram-se ainda "Beso", uma das mais cantadas da noite, e "Vampiros" levando o público ao rubro. Com "Heroe", cover de Enrique Iglesias, a artista espanhola colocou água na fervura e fechou noite com "Malamente", "Chicken Teriyaki" e "CUUUUuuuuuute" perante um público feliz e satisfeito que rapidamente regressou a casa.
Teki Latex, Mora e Jockstrap fecharam o segundo dia de Primavera Sound. Ao público presente resta dar os parabéns pela superação de um desafio chamado Óscar, pois só com uma atitude e espírito de Gene Kelly e Fred Astaire, seria possível cantar e dançar num ótimo dia para ser apanhado pela chuva.
Fotografia: António Teixeira
Texto: Ana Rosinhas
Inserido por Redação · 09/06/2023 às 16:05