Eddie Vedder na Altice Arena: Welcome Home Mr. Nice Guy [fotos + texto]


Eddie Vedder na Altice Arena: Welcome Home Mr. Nice Guy [fotos + texto]

Mais uma romaria à Altice Arena para ver um dos artistas mais adorados no nosso país.

Vinte e três anos depois da "pequena sala de Cascais", Eddie Vedder consegue fazer na Arena um dos concertos mais intimistas que se pode ver. Não porque fosse um concerto "calminho" e "dócil" como os lugares sentados poderiam fazer antever, mas sim porque ele está "casa". Como não raras vezes diz, é um dos sítios onde adora voltar e onde não atua, mas partilha com amigos as suas músicas, como se estivesse no seu quarto ou à volta da fogueira.

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Os fãs era muitos (todos?) e não haveria grande distinção entre fãs de Pearl Jam ou dos seus trabalhos a solo. A geração dos 30/40 anos lá vinha, por vezes, acompanhada pelos filhos a fazer a sua primeira "educação musical" (houve até quem ganhasse uma harmónica pelo seu aniversário neste dia). As recordações trocadas eram muitas e depois desta noite mais algumas se juntariam.

Pelas 20h30, subia a palco Glen Hansard, sozinho, e apenas com a sua voz cantou "Grace Beneath the Pines". O público, se o desconhecia, ficou ganho à primeira música! O irlandês, vocalista dos The Frames e The Swell Season e amigo de muitos anos de Vedder, emprestou a sua voz rouca e cheia de soul a cerca de 8 canções em cerca de 45 minutos e encantou a plateia. Se era para aquecer, Hansard deixou a plateia a ferver!

Acompanhado da guitarra acústica, por vezes com efeitos e distorções, "When a Your Mind’s Made Up" ou "I'll Be You, Be Me" puxaram pela emoção e "Fool's Game" e "Shelter Me" arrancaram a lágrima.  O blues de "Way Back in the Way Back Then", dedicada a migrantes económicos, e de "Devil Town" completaram um alinhamento a deixar o desejo de ouvir mais.

Já a caminho das 22 horas, e depois de roadies vestidos de batas de médico fazerem a mudança de palco (?!), o Red Limo String Quartet tocava a sua versão de "Alive". Este quarteto de cordas holandês, que já partilhou o palco com outros artistas como Mark Lanegan, acompanha Eddie Vedder nesta digressão, dá uma componente mais orquestral a algumas das músicas para além da guitarra acústica do cantautor.

Por entre uma standing ovation, Edward Louis Severson III entra em palco já com tudo ganho e sem qualquer pressão: é mesmo mais um encontro de amigos!

"Far Behind" da banda sonora de "Into the Wild" (uma das mais belas escritas até hoje) antecede "Just Breathe", a primeira das muitas músicas dos Pearl Jam que seriam tocadas esta noite.

Depois da habitual conversa em português macarrónico (até está bem melhor do que das últimas vezes, ao contrário do que o artista refere), recordando visitas passadas e experiências vividas, "Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town", "I Am Mine" e "Immortality" recordam-nos porque gostamos da banda de Seattle.

Uma das incursões em covers de outros artistas foi "Trouble" de Cat Stevens. As outras seriam "Imagine" de John Lennon, a recordar a noite chuvosa do Meco de há quatro anos onde sentiu insegurança por tocar a solo, "I'm So Tired" dos Fugazi (com um dedinho em "People Have The Power" de Patti Smith) ou "Song of Good Hope" e "Long Nights" de Glen Hansard (que também o acompanhou à guitarra em boa parte do concerto).

"Whislist", "Portugal" e "Driftin" alternavam entre a guitarra acústica e a eléctrica e o ukelele apareceu para "Satellite". "Black", "Better Man" ou "Porch" foram os hinos esperados e cantados em histeria coletiva.

Depois de sair para dar novo protagonismo aos Red Limo String Quartet em "Jeremy", o regresso deu-se rapidamente e, por entre ofertas de vinho pela plateia que levaram à abertura (e consumo) de uma segunda garrafa, Eddie sentou-se ao piano para a já referida cover dos Fugazi.

As luzes dos telemóveis brilharam para "Imagine" e mais um dueto com Glen Hansard em "Society" (de Jerry Hannan) antecedeu "Hard Sun" (dos Indio) para fechar.

Num segundo encore houve ainda tempo para a sempre presente "Rockin' in the Free World" de Neil Young, desta vez em versão mais desacelerada e apressada.

No final os sorrisos eram muitos e discutiu-se a opção por mais músicas dos Pear Jam em detrimento de outras a solo ou alguns covers habituais. O certo é que todos saíram mais felizes e a contar os dias para o próximo encontro.

Fotografia: Eduardo Salvador
Texto: Miguel Lopes