Porto Blues Fest: Um bom Blues, a casa retorna [fotogaleria + texto]


Porto Blues Fest: Um bom Blues, a casa retorna [fotogaleria + texto]

O Porto Blues Fest voltou à Concha Acústica nos Jardins do Palácio de Cristal e trouxe novamente uma experiência de Blues para amantes e apreciadores deste género musical. Esta segunda edição do festival contou com artistas portugueses mas também algumas personalidades do Blues de outras nacionalidades.

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Durante dois dias, os jardins foram preenchidos com o som desconcertante das guitarras elétricas e as vozes impactantes dos artistas convidados. O público não foi uma imensidão, nem a logística da Concha Acústica o permitia, mas os que por lá passaram foram suficientes para animar e aquecer o espaço.

O primeiro de dois dias de Porto Blues Fest abriu com os North South Blues Connection. A banda portuguesa, que conta com Pedro Tatanka na guitarra e na voz, abriu as hostilidades e brindou o público com uma performance musical onde a guitarra elétrica de Tatanka foi mestre.

Num espetáculo onde o propósito passava por eleger grandes êxitos do Blues, a banda fez soar temas como "Oh, Pretty Woman" de Albert King, "I Ain't Drunk" de Albert Collins e "Old Love" de Eric Clapton. Mas o maior destaque foi para "The Thrill Is Gone", um dos maiores sucessos de B. B. King. O Rei do Blues havia também sido homenageado pela sua filha Shirley King e por Rui Veloso na primeira edição do festival, em 2017.

Antes de se despedirem, os North South Blues Connection tocaram "If Trouble Was Money", um tema do artista Gary Clark Jr. que, nas palavras de Pedro Tatanka, é "um dos maiores impulsionadores do Blues a nível mundial".

Depois de um pequeno intervalo, Pat "Mother Blues" Cohen subiu ao palco para uma performance onde se ouviram grandes temas maioritariamente de mulheres do Blues. Pat Cohen mostrou-se uma "enterteiner" e soube cativar o público com sua voz poderosa que parece não precisar de esforço algum.

A artista estadunidense fez soar temas como "You Can Have My Husband" de Irma Thomas e "Juke Joint Woman" de Denise LaSalle. Sempre divertida, foi conversando com o público e convidou várias vezes, a plateia, a levantar-se e dançar ao som dos Blues. E assim foi, por exemplo, no tema "Wang Dang Doodle” de Koko Taylor.

A maior homenageada da noite foi Etta James. Pat Cohen não deixou os grandes êxitos de Etta James de fora e brindou o público com performances emocionantes de "I'd Rather Go Blind" e "At Last". O alinhamento contou ainda com "The Blues Is My Business", um tema animado também de Etta James.

A segunda e última noite na Concha Acústica trouxe, tal como na primeira noite, algumas centenas de pessoas ao Palácio de Cristal e começou com a atuação de Chino & The Big Bet.

A banda espanhola apresentou-se com um Blues mais eletrizante e rítmico, relativamente à noite anterior. O vocalista Chino, conversou bastante com a plateia contando várias histórias que divertiram o público e ainda surpreendeu os presentes quando cantou uma canção acapela. Temas como "Your Love Is Dynamite", "Hush" e "Glory of Love" foram alguns dos escolhidos para preencher o alinhamento de aproximadamente uma hora.

"Blue Light Boogie" de Louis Jordan foi cantado com a ajuda do público que mostrou aprender rapidamente o Blues. Ainda na sua performance, Chino & The Big Bet fizeram soar "Dust My Broom".

O último concerto da noite ficou a cargo dos portugueses Budda Power Blues que, juntamente com Maria João, com quem produziram o seu último disco The Blues Experience, pareceram conquistar a plateia. O estilo singular de Maria João trouxe ao habitual Blues sedutor dos Budda Power Blues, um toque irreverente pela sua voz mais aguda.

Puderam-se ouvir temas deste The Blues Experience como "Troubled Mind", "Lost a Friend" e "Hole In My Soul". A sonoridade produzida por esta junção é algo interessante mas pode desagradar quem prefere ouvir as vozes graves que trazem toda a sensualidade dos Blues. Antes de chamar o último convidado da noite, os Budda Power Blues e Maria João cantaram ainda o tema "I Feel So Blessed Right Now", um blues mais contido.

Apesar de não ser habitual encontrar Pedro Abrunhosa neste cenário, a verdade é que o artista se confessou um amante deste estilo de música e, é facto, que a sua voz grave tem, também, algo de Blues. A prova dos nove foi rapidamente tirada com o tema de "Tennessee Ernie Ford". "Sixteen Tons" mostrou a sonoridade da voz de Abrunhosa que ficou no limiar da barreira com o Country.

Houve ainda, entre outros tantos temas de Blues, espaço para o "Rei do Bairro Alto" de Pedro Abrunhosa. O público reconheceu o tema de 2010 e entoou a letra com o artista. Já na reta final, juntou-se, em palco, o trompetista Gileno Santana que se fez acompanhar também por um saxofonista.

Termina assim a segunda edição do Porto Blues Fest com a vontade de voltar para o próximo ano. Um festival singular que tem na sua génese a paixão e dedicação pelos Blues ligada ao cenário encantador da Concha Acústica dos Jardins do Palácio de Cristal do Porto.

Fotos: António Teixeira
Texto: Daniela Fonseca