Eagles of Death Metal no Coliseu de Lisboa: nada vai parar o rock'n'roll


Eagles of Death Metal no Coliseu de Lisboa: nada vai parar o rock'n'roll

Eagles Of Death Metal retaliaram pacificamente e despediram-se da Europa no Coliseu dos Recreios numa noite memorável.

Após o cancelamento da tour europeia, devido não só aos eventos em França mas também a uma lesão na mão do vocalista, os Eagles Of Death Metal remarcaram pela terceira vez a data em Lisboa. E desta foi de vez. Para terminar a tour, e com abertura dos austríacos White Miles, a banda reavivou a esperança e realçou o poder da música numa noite preenchida de rock'n'roll.

A chegada ao Coliseu na noite passada foi um pouco diferente do habitual. À porta, uma carrinha de intervenção da Polícia preparada para quaisquer eventualidades mudava todo o cenário habitual de entrada. Devido ao incidente no Bataclan em novembro do ano que passou, e dado ter feito ontem quinze anos dos acontecimentos do 11 de setembro, o bilhete para o concerto dava também direito a uma revista completa por parte do reforço policial que esteve no Coliseu na noite passada.

E foi às 21 horas, ainda com o Coliseu dos Recreios aquém de estar preenchido, que os White Miles entraram em palco. Com o mesmo cenário que fora preparado para Eagles Of Death Metal, o dueto austríaco composto por Medina Rekic na guitarra e voz e Hansjörg Loferer na bateria, começou a noite a toda energia, embora que pouco ou nada retribuída pela audiência. Louvando a oportunidade concedida pelos EODM, a banda apresentou, e bem, não só originais de 2014, do álbum Job: Genius, Diagnose: Madness, mas também do novo álbum The Duel, lançado em abril deste ano. O curto concerto de apenas oito temas, "Can’t Stop", "Insane To The Bone" ou "Into Your Spell" entre elas, abriu o apetite para os tão aguardados Eagles Of Death Metal.

Na parte de trás, dois panos com o Jesse Hughes no papel de Uncle Sam diziam "I Only Want You". No palco, amplificadores Orange, baixo, guitarras e, na bateria, um bombo incomumente grande. Era este o cenário enquanto, ao som de "Magic" dos Pilot, entravam em palco os Eagles Of Death Metal, acompanhados de efusivos aplausos da audiência, que estava agora bastante mais composta. Jesse, o vocalista de 43 anos, não perdeu qualquer tempo em demonstrar a sua presença em palco: logo à entrada distribuiu beijinhos pelas fãs que estavam mais perto do palco e fez com que todo o público se sentisse igualmente cumprimentado.

Quando "I Only Want You", do álbum Peace, Love, Death Metal, começou a ressoar no Coliseu, tanto o aparato policial como o que o causou foram esquecidos. O ambiente não era agora de incerteza ou insegurança, mas sim de puro prazer. Jesse, ao intervalo de cada música entretinha a audiência com histórias caricatas que iam desde fadas azuis criadoras do guitarrista ao diário de Dave Catching, histórias que começam e acabam na cocaína.

Seguiram-se "Whorehoppin", "Cherry Cola", dedicada às meninas, e "Save A Prayer", versão dos Duran Duran. Manteve-se a excelente interacção da banda com o público tendo sido recorrente ao longo do concerto verem-se palhetas a voar. O técnico que durante todo o concerto apoiou a banda teve que substituir o bombo da bateria que Jorma Vik "rebentou" tal era a intensidade com que tocou. "Moonage Daydream", clássico de 1972 de David Bowie, termina com a primeira parte do concerto.

Os temas mais aguardados foram deixados para o final. Depois de uma breve saída de palco, acompanhados de palmas, a banda regressa com "Wanna Be In L.A.", "Love You All The Time", do último álbum, lançado em 2015, ou "Boy’s Bad News" deixando o público ao rubro, ambiente que permaneceu até ao final. Para terminar a noite "Speaking In Tongues" inundou a sala. Jesse tocou para Lisboa do camarote presidencial, Dave Catching solou e, homenageando a Europa, Jorma Vik e Eden Galindo, num momento de puro drum and bass, tocaram "The Final Countdown", dos Europe. E termina assim a noite e a tour da banda.

Os Eagles Of Death Metal, que vieram a Portugal apresentar o álbum Zipper Down, lançado em 2015, deixaram claro que nesta luta a vitória é dada à paz. Como disse Jesse Hughes referindo discreta e subtilmente o incidente do Bataclan: "Ain't nothing gonna stop rock ’n’ roll!"

Fotos: Everything Is New
Texto: Maria Roldão