Caetano Veloso e Gilberto Gil ao vivo no EDP Cool Jazz [fotos + texto]
Caetano Veloso e Gilberto Gil seduzem o esgotado Estádio Municipal de Oeiras com cem anos de carreira cantados numa hora e meia.
O último espetáculo da 12ª edição do EDP Cool Jazz estava marcado para o Estádio Municipal de Oeiras e era o mais esperado do festival; Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Os bilhetes há semanas que se encontravam esgotados, e, em noite de lua cheia, diretamente do Brasil chegam estes dois grandes astros da música popular brasileira. Muitos falavam do último encontro que as terras de Vera Cruz assistiram, no ano de 1994, no Coliseu dos Recreios. Caetano & Gil – Dois amigos, um século de música, foi o mote desta pequena digressão europeia onde os irmãos baianos comemoram 50 anos de carreira. Para começar o espetáculo nada melhor que relembrarem as suas origens, com "Back in Bahia", com uma roupagem completamente nova; afinal em palco só se encontravam duas vozes (das grandes) e dois "violões". Seguiram-se "Coração Manifesto" e a dupla "Tropicália I" e "Tropicália II". E foram dos álbuns cujo título é retirado destes temas que o alinhamento incidiu.
[alpine-phototile-for-flickr src="set" uid="60380835@N08" sid="72157656636582731" imgl="fancybox" style="floor" row="5" size="640" num="21" highlight="1" curve="1" align="center" max="100" nocredit="1"]
Ao fim do quarto tema houve o primeiro contacto não cantado com o público, Caetano disse "Muito boa noite", e "Gil" acrescentou "Obrigados". Não se esperava muita articulação com a audiência, não é usual para estes dois artistas e não foi incómodo para ninguém, todos tinham os olhos postos nestes dois irmãos.
No estádio imperava o silêncio, tanto de respeito como de admiração. Cada acorde da guitarra de Gil fundia-se com cada palavra encantada pela voz de Caetano e cada vibração da guitarra se juntava ao timbre melodioso de Gil, como por magia. O ambiente transformou-se numa autêntica definição real da palavra intimista.
Caetano e Gil relembraram também alguns temas das carreiras a solo e, se durante a sequência "Sampa", "Terra", "Nine Out of Ten", "Odeio Você" e "Tomada de Luna Ilena" (de Simón Diaz) foi Caetano que assumiu o protagonismo, em "Super Homem (A Canção)", "Esotérico", "Drão" (de uma forma merecedora de destaque) e "Não Tenho Medo da Morte" este passou para Gil. A partir daqui a temperatura começou a subir, as vozes soltaram-se em uníssono com a chegada do "Expresso 2222" arrancaram-se alguns passos de dança com a homenagem a "Toda Menina" e até houve quem largasse a cadeira e se colasse junto ao palco para desenferrujar as articulações.
"Filhos de Ghandi" antecipou o falso adeus onde as grandes estrelas despedem-se com um abraço e um beijo mas rapidamente regressam ao palco para colocarem o verdadeiro ponto final no espetáculo com a eterna "Desde Que o Samba é Samba".
A edição de 2015 do EDP Cool Jazz terminou com chave de ouro com uma das melhores duplas de sempre da música brasileira. Caetano & Gil sentaram-se lado a lado com uma cumplicidade singular e mostraram toda a musicalidade que lhes corre nas veias sem grandes conversas nem qualquer artificio; apenas duas vozes e dois "violões". Uma noite única e cheia de magia. Obrigado EDP Cool Jazz e até para o ano.
Fotos: Rui Oliveira
Texto: Bruno Silva
Inserido por Redação · 05/08/2015 às 16:02