Rui Sinel de Cordes em entrevista: "O stand-up comedy em televisão não deve existir"


Rui Sinel de Cordes em entrevista: "O stand-up comedy em televisão não deve existir"

Entre a televisão, os palcos e workshops estivemos à conversa com o humorista Rui Sinel de Cordes:

Noite e Música – Na tua página oficial o teu nome antecede as palavras Humorista, Gourmet e Cavaleiro Negro. Quem é afinal o Rui Sinel de Cordes?
Rui Sinel de Cordes – Sou um bocado de tudo isso… Sou humorista mas sou também um bom vivã que gosta das coisas boas da vidaque são gourmet (no sentido de serem coisas boas, agora há uma grande confusão com o termo gourmet). Cavaleiro Negro foi uma “alcunha” que me deram numa entrevista já há alguns anos e achei piada e foi ficando…

NM – Os portugueses têm sentido de humor?
RSC – Têm. Cada vez mais e está cada vez mais refinado. Cada vez reagem de melhor forma ao meu humor mais agressivo ou mais negro e cada vez vejo mais público e pessoas que compreendem o humor e que gostam de rir. O humor dos portugueses está cada vez melhor.

NM – És criticado pelos temas que abordas?
RSC – Sim, mas na vida somos sempre criticados por isto ou por aquilo. Não ligo muito a isso, preocupo-me mais com as pessoas que gostam do meu humor do que com as que o criticam.

NM – O stand-up comedy foi impulsionado pelos programas de televisão?
RSC – Não. O stand-up comedy é impulsionado na rua, nos bares, nos comedy clubs, nos espetáculos ao vivo… O stand-up comedy em televisão não deve existir nem tem sentido; a televisão não é o espelho do que é o stand-up comedy.

NM – A crise afetou os teus espetáculos?
RSC – Não, muito pelo contrário. Cada vez há mais público. Não sei se tem alguma relação direta com a crise mas cada vez há mais gente a ir a espetáculos, em Lisboa principalmente têm havido cada vez mais espetáculos esgotados…

NM – O que podemos esperar de "Isto Era Para Ser Com o Sasseti"?
RSC – Piadas, música e mau gosto (risos)… São piadas soltas, é um espetáculo diferente dos que costumo fazer, é de pensamentos, poesia e música mal tocada pelo Paulo Almeida que está comigo em palco.

NM – Estás a participar no Workshop de Escrita de Humor. Como tem sido a experiência?
RSC – Tem sido boa. Estou a fazer a minha quinta edição, tem aparecido imensa gente, muitos com vontade e talento que querem fazer coisas novas e diferentes e desde 2012 que já passaram pelos meus workshops bastantes pessoas que continuaram e agora já têm espetáculos, programas de televisão e de rádio… E eu gosto de ver isso a acontecer.

NM – No próximo mês vais fazer parte dos "Anjos Negros" no Incrível Almadense. Preferes estar sozinho em palco? Como é partilha-lo com outros artistas?
RSC – Gosto das duas coisas. Gosto de estar sozinho em palco mas também gosto de estar com pessoas de quem gosto, humoristas que admiro e que são meus amigos… Divertimo-nos muito não só durante o espetáculo mas também em viagens, hotéis, jantares… Admiro muito o Paulo Almeida e o Rui Cruz com quem vou atuar e a nossa amizade é uma mais-valia.

NM – E o que podemos esperar de ti nos próximos tempos?
RSC – Vou fazer mais 10 anos iguais aos que fiz. Continuar com espetáculos ao vivo. Daqui a um mês e meio vai estrear na Sic Radical o meu novo programa; Very Typical, vou lançar um livro sobre o programa e não só, antes do verão… E tenho mais uma série de coisas que estão para sair e que não sei como vou arranjar tempo para fazer tudo (risos). Espero que tenhas gravado a entrevista porque eu falo muito rápido. Mas é da minha profissão; quanto mais rápido falar mais risos provoco.

Foto: Nuno Fontinha
Entrevista: Bruno Silva