Luísa Sobral em entrevista: "Eu desde pequena que queria fazer da música a minha vida"


Luísa Sobral em entrevista: "Eu desde pequena que queria fazer da música a minha vida"

Poucos dias depois do lançamento do seu 4º álbum Luísa, estivemos à conversa com Luísa Sobral. A artista falou-nos do seu novo álbum e contou-nos um pouco daquele que tem sido o seu percurso no mundo da música.

Noite e Música (NM): Antes de falarmos um pouco deste teu novo álbum que foi lançado há pouco mais de uma semana, vamos voltar um bocadinho ao início desta viagem no meio da música. Quando é que sentiste que a música era o caminho que querias seguir?
Luísa Sobral (LS): Eu desde pequena que queria fazer da música a minha vida, sempre quis ser cantora! O meu pai como tocava bateria, havia sempre música em casa e eu e o meu irmão cantávamos muito, então sempre que me imaginava mais velha, imaginava-me ou atriz de teatro ou cantora. Ainda no outro dia encontrei uns bloquinhos antigos que diziam o que eu queria ser quando fosse grande e eu escrevia sempre cantora (risos).

NM: Em 2003, com 16 anos, participas nos Ídolos e consegues o 3º lugar no pódio. Esta participação foi importante para o despoletar da tua carreira?
LS: Foi importante porque percebi que ainda precisava de trabalhar muito. Não sei se teria percebido isso sem o programa ou não, mas no programa percebi que precisava de encontrar a minha identidade musical e que ainda tinha algum caminho a percorrer. A experiência foi importante para perceber que ainda estava muito verde.

NM: Não serviu de maneira nenhuma para te lançar no mundo da música?
LS: Não, de todo.

NM: Desde bem jovem houve da tua parte vontade de aprender e aperfeiçoar técnicas musicais. Aos 16 anos foste estudar música para os Estados Unidos, foi complicado tomar esta decisão?
LS: Não, eu lembro-me que o irmão de uma amiga minha tinha ido fazer um intercâmbio de estudo no 12º ano, inclusive foi viver com uma família americana. Já naquela altura, com 13 ou 14 anos, eu adorei a ideia e decidi logo que quando chegasse a minha altura, também queria ir! Eu queria falar melhor inglês, queria experimentar viver noutro país e como a minha mãe também viveu fora sempre me apoiou nesta decisão. Então quando chegou a altura, quando fiz 16 anos, inscrevi-me e fui! Tomar a decisão não foi complicado mas claro que nos primeiros tempos foi difícil, até porque eu era muito nova, mas fez-me bem e de certa maneira até me ajudou a crescer mais rápido.

NM: Agora sim o novo álbum. Depois de três álbuns em 3 anos, agora em 2016 o mais recente Luísa. Considera-se ser "provavelmente o disco português gravado por um maior leque de nomes consagrados da música internacional". Foi o teu objetivo procurar grandes músicos e um dos melhores produtores da atualidade, como Joe Henry, para esta produção?
LS: Mais do que procurar um produtor famoso, era procurar um produtor que trouxesse algo diferente à minha música. Então quando eu e o meu manager começamos a ver vários produtores, ele já tinha em mente o Joe porque gostava do trabalho dele. Eu vi o trabalho dele, gostei muito e achei que ia equilibrar muito a minha música e que ia ser muito interessante trabalhar com ele; Depois contactei-o e ele também mostrou interesse em trabalhar comigo. No início trabalhamos mais pelo Skype, a enviar e a discutir canções, e depois fui ter com ele a Los Angeles para gravar.

NM: Quanto tempo demorou a produção total do álbum? Desde a gravação da primeira música até à última?
LS: 3 dias e meio! A gravação das músicas foi muito rápida! As letras das canções eu já tinha vindo a escrever aos poucos, aliás a música mais antiga do disco já foi composta enquanto eu estava em tour pelo segundo disco, por isso eu tive muito tempo a compor coisas diferentes. Se for a contar pela composição das letras foram mais ou menos dois anos, mas depois escolhemos aqueles temas e foram 3 dias de gravações!

NM: O álbum estreou há pouco mais de uma semana, se eu te pedisse para o apresentar e descrever, como o farias?
LS: Eu descrevo-o como um álbum com um som muito mais folk e blues, eu acho que é um disco muito orgânico onde se ente que é tudo muito espontâneo, muito natural, onde não há arranjos. Nós fomos todos construindo as canções juntos sem pensar muito, cada um ia fazendo o que sentia no momento e tocando à sua maneira. Por isso é um álbum muito cru, muito de canções.

NM: Em três palavras, o que é o álbum Luísa?
LS: Olha em três palavras, eu acho que é orgânico, cru e espontâneo.

NM: O primeiro single "My Man" foi lançado pouco antes da estreia do álbum. Qual a razão da escolha desta música em particular para ser o rosto do álbum?
LS: Nós escolhemos essa canção porque, primeiro é uma canção que eu gosto muito, e depois acho que faz sentido porque é um bom exemplo do que é o resto do álbum. Tem a guitarra muito presente, é uma canção forte e acho que é mesmo um rosto daquilo que as pessoas podem esperar do resto do álbum.

NM: Em que momento da tua carreira sentiste que o teu nome fazia parte da música portuguesa e que as pessoas sabiam quem eras?
LS: Não sei.. Eu acho que o álbum mais marcante talvez tenha sido o primeiro porque as pessoas reconheceram-me muito mais. A minha editora fez um bom trabalho nesse sentido porque as pessoas ficaram a conhecer-me muito rapidamente, por isso eu comecei a sentir-me parte da música logo no primeiro disco.

NM: Para terminar, como é que tem sido a reação das pessoas ao novo álbum?
LS: É assim, o que eu tenho recebido até agora é sempre bom mas eu também acho que normalmente as pessoas que acham mal não me dizem! (risos). Eu acho que as pessoas têm gostado, pelo menos a críticas que eu tenho tido, têm sido todas boas. Mas claro há sempre quem goste e quem não goste! Eu gosto do trabalho que faço, e isso para mim é essencial.

NM: Concertos agendados para breve, podes dizer-nos alguma coisa?
LS: Sim! O resto da agenda eu vou anunciar mais tarde, mas já posso dizer que 1 de fevereiro vou estar no Tivoli em Lisboa e dia 8 de fevereiro na Casa da Música no Porto!

Entrevista: Daniela Fonseca